A importância da orientação médica especializada, para a prática de atividade física, no idoso.

Dra. Milene Ferreira
Geriatra e Fisiatra – Clínica Move

Todos nós queremos envelhecer bem, mas o que é considerado envelhecimento saudável?
Consideramos o envelhecimento satisfatório quando envelhecemos com preservação de nossa independência física e intelectual, com ausência de depressão e manutenção de nossa função social.
Quais os fatores determinantes para um envelhecimento satisfatório?
Pesquisas apontam que os principais fatores relacionados a um bom envelhecimento são:

  1. Ter perspectivas e planos para futuro
  2. Manter atividade continua (tanto a prática de atividade física regular quanto atividades socias, laborais e lazer)
  3. Nivel educacional
  4. Estabilidade financeira
  5. Acesso a serviços de saúde

Outros estudos correlacionam testes físicos com o envelhecimento saudável, demonstrando que a população com melhor força muscular, melhor aptidão cardiorespiratória e maior velocidade de caminhada envelhecem de forma mais satisfatória, reforçando a importância da prática de atividade física.
Sabemos ainda que o impacto da atividade física regular vai além da preservação da capacidade funcional, também reduz o risco de eventos cardiovasculares, diabetes, dislipidemias, depressão, cancer, doenças osteoarticulares, demências entre outros.

O que é sedentarismo?
Importante salientarmos que sedentarismo não é a ausência de atividade física, e sim um comportamento de baixo gasto energético. Ou seja, não adianta irmos na academia 3x/semana, mas passarmos o restante do tempo na posição sentada, seja no trânsito, em frente a televisão ou computador. É importante cultivar um comportamento ativo.
De forma geral consideramos sedentário aquele que realiza menos de 5000 passos por dia, sendo que a recomendação é que tenhamos a meta de 10000 passos/dia idealmente.
95 % dos idosos não alcançam esta recomendação. Estudos mostram que a população com mais de 65 anos passa em média cerca de 9 horas por dia sentada. Outro dado importante é que mais de 50% das pessoas idosas que iniciam uma atividade física abandonam dentro de 6 meses.
E porque, mesmo sabendo da importância da prática de atividade física, muitos idosos não conseguem dar início à uma atividade regular ou não conseguem manter em sua rotina?As barreiras mais comuns à prática de atividade física para o idoso, são:

  • Dores
  • Alterações osteoarticulares e problema nos pés
  • Alterações clínicas
  • Dificuldade no equilíbrio
  • Alterações cognitivas
  • Antecedentes de lesões ao praticar atividade física
  • Nunca ter vivenciado modalidades de atividade física ou esportiva ao longo da vida
  • Falta de suporte social
  • Falta de entendimento sobre importância

Qual o papel do médico neste contexto?
O papel do médico deve iniciar na educação quanto a importância da atividade física, mas vai além: cabe ao médico identificar as barreiras e trata-las. Raras são as condições médicas que contraindicam a pratica de atividade física.
Para a maioria das barreiras existe solução, porém a prescrição adequada quanto ao tipo de exercício, forma de início, identificação da necessidade ou não de acompanhamento profissional e de que forma, intensidade, frequência, são determinantes fundamentais para a aderência do idoso.
Situação muito comum, em nossa prática de consultório, são as dores nos pés restringindo a atividade física, levando a uma situação de sedentarismo: situação esta que de modo geral possui fácil diagnóstico e tratamento e que após a resolução leva o paciente a um novo patamar de saúde.
Além de identificar as barreiras e trata-las, o médico deverá também identificar facilitadores que deverão ser usados a favor do paciente. Por exemplo, se existe uma resistência muito grande do paciente em relação ao início da atividade física, mas identificamos que ele gosta de passear com o cachorro, podemos reforçar este hábito e acrescentar o uso de um acelerômetro (aparelho que conta o número de passos) construindo metas progressivas com o paciente.
Enfim, cabe ao médico identificar as barreiras e tratá-las, identificar facilitadores e reforça-los e traçar plano de tratamento com metas claras e realistas em parceria com o paciente, monitorando constantemente e garantindo a aderência.
Algumas dicas:

  1. faça a escolha certa: escolha gastar energia!!! Se pode subir de escadas, porque subir de elevador?
  2. se você tem medo de iniciar uma atividade física por questões clínicas, se sente dor ao fazer exercícios ou se tem histórico de lesões ao praticar atividade: não desista, procure seu médico!
  3. deixo como dica a exploração de um site sobre exercícios para idosos: www.nia.nih.gov/Go4Life.

Seja promotor do seu próprio envelhecimento saudável!!!!

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