Atletas amadores e uso de substâncias proibidas no esporte

Recentemente uma pesquisa feita pela BBC Sports inglesa num grupo de homens e mulheres atletas amadores e/ou frequentadores de academia, mostrou que 35% das pessoas entrevistadas conhecia alguém que havia usado substâncias proibidas no esporte.

A substância mais comumente utilizada foram os esteroides anabolizantes.

As principais razões para o uso foram melhoria de performance (41%), controle de dor (40%) e se sentir bem (34%).

 

Quais são os critérios para a proibição de substâncias e métodos?

 

A WADA (World Anti-Doping Agency) anualmente libera uma lista de substâncias e métodos que são proibidos. É incluído nessa lista substâncias  e métodos que preencham 2 dos 3 critérios a seguir:

  • Tem o potencial de melhorar a performance,
  • Tem o potencial de causar risco para a saúde,
  • Viola o espírito do esporte.

 

Os grupos de substâncias proibidas na lista de 2020 são:

  1. drogas não regulamentadas para uso humano,
  2. esteroides anabolizantes,
  3. hormônios pépticos e fatores de crescimento,
  4. beta-2-agonistas,
  5. hormônios e modificadores metabólicos,
  6. diuréticos e mascaradores de resultados.

 

E os métodos proibidos são:

  1. a manipulação do sangue e dos seus componentes,
  2. a manipulação física e química,
  3. o doping genético e celular

 

Além do que foi citado acima, durante as competições,  também fica proibido o uso de:  estimulantes, narcóticos, canabióides e glicocorticoides.

O que acontece quando há necessidade de prescrição de uma substância proibida?

 

No esporte profissional ou competitivo, quando há necessidade da prescrição  de uma dessas medicações proibidas por indicação clínica, o médico deve solicitar a autorização de uso por meio de um formulário preenchido e enviado para as entidades responsáveis por essa regulação. Com isso, o atleta profissional fica protegido e pode receber o melhor tratamento disponível para o seu tratamento.

 

O que acontece com o atleta amador que utiliza substâncias proibidas no esporte?

 

Na maioria das provas amadoras, não há controle antidoping. Muitas vezes o atleta amador está usando uma substância que potencialmente pode estar fazendo mal para a sua saúde e está na lista.

Uma das substâncias mais comumente difundidas e utilizadas são os anabolizantes, como a testosterona e similares. Esse grupo de drogas é usado para dar ganho de força e potência muscular. Os seus principais riscos para a saúde são:

  • doença cardíaca e hepática,
  • ginecomastia (aumento de mama no homem),
  • infertilidade,
  • masculinização na atleta feminina,
  • surgimento de alguns tipos de câncer,
  • risco de morte dependendo do nível de toxicidade.

 

Um outro exemplo de doping muito difundido nos esportes de endurance é a eritropoietina, conhecida como EPO. Essa substância é um hormônio que tem a função de aumentar a produção de hemácias (células vermelhas). Com isso, o sangue do atleta melhora a capacidade de carrear oxigênio e, consequentemente, melhora o VO2 (que é a capacidade aeróbia). O risco do uso da EPO se dá pelo aumento da viscosidade do sangue, o que pode favorecer o aparecimento de eventos trombóticos e isquêmicos no organismo, como infarto e acidente vasculares cerebrais, que podem ser fatais.

 

Talvez o melhor caminho para conter esse comportamento no esporte amador não seja inserir testes antidoping em provas amadoras, mas sim melhorar a informação e educação sobre os riscos dessa prática. É importante  lembrar para esses atletas o motivo que os levaram ao esporte: saúde, diversão, interação social e jogo justo.

 

Dra. Fernanda Lima e Dr. Marcelo Machado

Médicos do Exercício e do Esporte da Clínica Move

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