Utilização de máscara cirúrgica não afeta o desempenho durante o exercício físico

 

Tiago Peçanha – Profissional de Educação Física. Pesquisador e Pós-doutorando do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP. Pós-doutorando no Research Institute for Sport and Exercise Sciences da Liverpool John Moores University, UK.

Contato: pecanhatiago@gmail.com      Twitter: https://twitter.com/tiagopecanha

 

A utilização de máscara facial é recomendada para a prevenção da transmissão de infecções respiratórias, tais como a do novo Coronavírus (COVID-19). No entanto, existem controvérsias a respeito de um potencial efeito destas máscaras sobre o desempenho físico, sobretudo em exercícios mais intensos.

Recentemente, um estudo canadense investigou se a utilização de máscara cirúrgica ou de pano reduz o desempenho físico durante um teste progressivo máximo em cicloergômetro. Participaram desse estudo 14 adultos (homens e mulheres), fisicamente ativos e saudáveis.

Estes indivíduos realizaram um teste progressivo em cicloergômetro até a exaustão, em três dias distintos.  Em um dos dias, os indivíduos realizavam o teste sem máscara, enquanto nos outros dois dias, eles realizaram os testes com máscara cirúrgica ou de pano. Foram avaliados o desempenho máximo atingido nos testes (i.e., carga máxima atingida e tempo até a exaustão), a saturação de oxigênio arterial, saturação de oxigênio tecidual e a frequência cardíaca. O principal achado deste estudo foi que a utilização de máscaras faciais não afetou o desempenho dos voluntários durante o exercício. Além disso, não houve diferenças relevantes na saturação de oxigênio arterial ou tecidual, indicando que a utilização destas máscaras não causa hipóxia geral ou tecidual, sendo, portanto, segura.

Estes achados estão de acordo com estudos prévios que também identificaram que máscaras cirúrgicas não afetam ou afetam muito pouco o desempenho durante o exercício físico. No entanto, não pode se dizer o mesmo sobre as máscaras N95. Um estudo alemão verificou que este tipo de máscara reduz o desempenho e o consumo máximo de oxigênio durante o exercício em cicloergômetro. Este estudo também relatou um aumento de sensações desconfortáveis durante o exercício, tais como aumento do calor e da umidade no rosto, fadiga e dificuldade de respirar, com o uso da máscara N95.

Estas informações podem ser úteis na criação de medidas de prevenção do COVID-19 em estabelecimentos de exercício físico (academias, clínicas, estúdios de personal training). É importante destacar que a prioridade deve ser a prevenção da transmissão do vírus. Pessoas que praticam exercício de maneira recreativa devem sempre utilizar as máscaras, uma vez que pequenas reduções do desempenho possuem significado pequeno frente ao risco imposto pelo vírus.

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