Tomar leite aumenta o risco de ter câncer?

O leite e seus derivados constituem uma importante fonte de cálcio na população ocidental como um todo. Mas boa parte dos produtos obtidos a partir do leite de vaca sofre um alto grau de processamento pela indústria, o que pode interferir na sua segurança alimentar e no seu valor nutricional.

Para crianças, adolescentes, idosos e puérperas, uma dieta rica em cálcio é de suma importância e não podemos negar que o cálcio encontrado no leite é superior ao encontrado em fontes vegetais. No entanto, alguns estudos têm sugerido uma associação entre consumo de leite e risco de câncer de próstata e mama na população adulta. Vamos a eles:

Câncer de próstata:
Estudo prospectivo com 1334 voluntários seguidos por 8 anos mostrou que consumir mais de 4 porções de leite integral por semana e ter um IMC maior que 27,5 (sobrepeso) aumentou em 3 vezes a chance de recorrência de tumor de próstata agressivo. Pacientes com peso normal, consumindo menos que 4 porções por semana e usando leite desnatado não tiveram maiores chances de ter essa recorrência (David Tate l al, 2018).
Estudo transversal de associação entre consumo de leite e agressividade do tumor de próstata em 2000 homens na Carolina do Norte mostrou que tomar leite integral e ter uma alta relação Cálcio/magnésio na dieta aumentou em até 74% a chance de desenvolver um tumor de próstata, sobretudo em africanos-americanos. Tal fato não ocorreu com o consumo de leite desnatado e uma maior ingestão de magnésio na dieta (Susan E. Steck et al, 2018).

Câncer de mama:
Estudo prospectivo com 52 mil mulheres acompanhadas por 7 a 9 anos mostrou que alto consumo de leite integral ou desnatado (450 ml/dia) estava associado a uma chance 1.5 vez maior que desenvolver câncer de mama. Essa chance se reduziu a 0,68 quando houve substituição parcial do leite por leite de soja e houve até uma tendência a uma relação inversa entre consumo de isoflavona e risco de câncer. Por outro lado, essa associação não foi encontrada no caso de queijos e iogurtes. Os dados não foram diferentes para mulheres menopausadas ou não (Gary Fraser et al, 2020).

Recente meta análise (análise de diferentes estudos comparados por ferramentas estatísticas específicas) envolvendo 8 estudos com mulheres de diferentes países publicados até 2009 não encontrou relação entre consumo de leite ou queijo magros, iogurtes e câncer de mama (Lu Chen et al, 2019) e os autores concluem que os dados epidemiológicos utilizados ainda são insuficientes para estabelecer tal associação.

Analisando brevemente esses estudos, parece prudente considerar o uso de leite desnatado para as populações de risco para esses tipos de câncer, sobretudo os homens, e dar alguma atenção ao nível de magnésio na dieta. Mas ainda há necessidade de se ter maiores estudos, estudos multicêntricos, com outros métodos mais precisos para estimar a ingestão de leite e derivados, já que esse dado foi estimando através de questionários específicos, e esse tipo de estimativa apresenta algumas limitações.

Dra. Patrícia Campos-Ferraz
Nutricionista da Clínica MOVE

Susan E Steck, Omonefe O Omofuma, L Joseph Su, Amanda A Maise, Anna Woloszynska-Read, Candace S Johnson, Hongmei Zhang, Jeannette T Bensen, Elizabeth T H Fontham, James L Mohler, Lenore Arab, Calcium, magnesium, and whole-milk intakes and high-aggressive prostate cancer in the North Carolina–Louisiana Prostate Cancer Project (PCaP), The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 107, Issue 5, May 2018, Pages 799–807, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy037
Gary E Fraser, Karen Jaceldo-Siegl, Michael Orlich, Andrew Mashchak, Rawiwan Sirirat, Synnove Knutsen, Dairy, soy, and risk of breast cancer: those confounded milks, International Journal of Epidemiology, Volume 49, Issue 5, October 2020, Pages 1526–1537, https://doi.org/10.1093/ije/dyaa007
Tat, David, et al. “Milk and other dairy foods in relation to prostate cancer recurrence: data from the cancer of the prostate strategic urologic research endeavor (CaPSURE™).” The Prostate 78.1 (2018): 32-39.
Chen, Lu, Min Li, and Hao Li. “Milk and yogurt intake and breast cancer risk: a meta-analysis.” Medicine 98.12 (2019).

A dieta vegetariana interfere no crescimento das crianças?

O número de pessoas interessadas nesse tipo de dieta vem aumentando, e com isso várias perguntas aparecem com relação à adoção dessa dieta pelas crianças. Será que pode ocorrer alguma deficiência nutricional, ou até mesmo o comprometimento do crescimento?

Primeiro vamos lembrar o conceito do vegetarianismo (podem ser incluídos na dieta ovos, leite e derivados) e veganismo (nenhuma proteína de origem animal, e nem mesmo o mel que é um carboidrato de origem animal).
Até agora os estudos publicados apresentaram resultados conflitantes com relação a essas dietas, ou seja, alguns mostraram que a dieta vegetariana interfere de forma negativa no crescimento, e outros mostraram que não tem interferência negativa. Alguns estudos mostraram deficiências nutricionais, como falta de ferro, zinco, vitamina B e proteínas nessas crianças e adolescentes, o que com certeza traria um comprometimento no crescimento e desenvolvimento.

Um artigo publicado esse ano em uma revista americana conceituada (Pediatrics) mostrou alguns resultados interessantes. Os autores acompanharam 8.907 crianças entre 6 meses à 8 anos de idade, incluindo 248 vegetarianas no período de 2008 a 2019. As crianças com doenças crônicas e história de alterações no crescimento foram excluídas. As crianças vegetarianas:

• não tiveram valores baixos de ferro e vitamina D no sangue;
• não tiveram sobrepeso e obesidade;
• tiveram mais baixo peso que as crianças não vegetarianas;
• não apresentaram alterações na velocidade de crescimento;
• não apresentaram alterações clínicas e laboratoriais.

São necessários mais estudos sobre esse tema, uma vez que, cada vez mais as crianças não querem se alimentar de proteínas de origem animal, e os pais e os responsáveis por elas sempre têm duvida com relação à possibilidade dessa dieta.

Importante discutir esse assunto com o pediatra, e junto com a nutricionista adequar individualmente o aporte de calorias e nutrientes para cada criança levando em consideração as diferentes fases de crescimento e grau de atividade física. Dessa forma, conseguimos garantir um crescimento e desenvolvimento saudável para elas.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

Dicas de lanches para crianças

As aulas já iniciaram, mas o dever de casa para elaborar o lanche escolar, de forma saudável, é dos pais. A alimentação correta é sempre um motivo de dúvidas e preocupações, já que as crianças nem sempre sabem escolher o que comer.

Sendo assim, unir a praticidade do dia a dia (que todos queremos!) com qualidade da alimentação dos filhos, é um grande desafio. Muitas vezes a criança tem dificuldade em aceitar o que foi colocado na lancheira, preferindo alimentos que sabemos não ser muito saudáveis se consumidos com frequência.

Diante disso, é importante oferecer uma alimentação variada, balanceada e colorida, que garanta o fornecimento de energia com todos os nutrientes necessários para um crescimento e desenvolvimento saudável. A escolha desses alimentos contribuirá diretamente com seu aprendizado e desempenho escolar.

O ideal é que o lanche contenha carboidratos para fornecer energia, lácteos que tem proteínas, frutas ou legumes, responsáveis pelas vitaminas, fibras e minerais, além de uma bebida para hidratação.

Pensando nisso, que tal começar a preparar a lancheira das crianças em casa, com alimentos gostosos e nutritivos?
Confira a seguir algumas dicas que podem ajudar no preparo desses lanches saudáveis para escola.

1. Frutas picadas
2. Cookies caseiros
3. Suco natural
4. Smoothie de fruta
5. Iogurte natural
6. Chips de batata doce
7. Palitinhos de vegetais
8. Bolo de banana integral
9. Mini sanduíches naturais
10. Cupcake saudável
11. Frutas picadas
12. Cookies caseiros
13. Suco natural
14. Smoothie de fruta
15. Iogurte natural
16. Chips de batata doce
17. Palitinhos de vegetais
18. Bolo de banana integral
19. Mini sanduíches naturais
20. Cupcake saudável

Mayara Ferrari
CRN: 3 /28.843
@mayaraferrarinutri
Nutricionista da Clínica Move

Consequências da pandemia para adolescentes com doenças crônicas

Um trabalho do Hospital das Clínicas estudou os hábitos alimentares e o comportamento sedentário em adolescentes portadores de doenças crônicas durante a pandemia de covid-19.
Foram avaliados mais de 347 adolescentes com diversas doenças crônicas que são acompanhados no complexo Hospitalar. Os adolescentes responderam a vários questionários específicos. Os primeiros dados que saíram referiram-se ao tempo sedentário. Abaixo alguns pontos que chamaram a atenção dos pesquisadores:
• Muitos adolescentes reportaram que faziam as suas refeições em frente à TV;
• 87% deles reportaram mais tempo de tela (TV, celulares ou tabletes);
• Mais de 55% relataram passar mais de 6 horas nessas atividades sedentárias.

Os pesquisadores alertaram que: “como esse grupo de pacientes requer distanciamento social mais restrito, é necessário que recebam orientação profissional sobre um estilo de vida saudável durante a pandemia, para que não sofram com uma piora da saúde geral”.

Esse grupo de pacientes com doenças crônicas, muitas vezes, apresenta um maior risco cardiovascular e de ganho de peso. Sendo assim, é muito importante a orientação para esses pacientes com relação ao aumento da atividade física dentro de casa ou quando possível ao ar livre, e a quebra de tempo sedentário.

A quebra de tempo sedentário significa: não fique sentado mais de 1 hora seguida, levante, fique de pé ou ande por alguns minutos!

Entre em contato com o seu médico para uma melhor orientação de como iniciar, ou mesmo, manter os exercícios físicos durante a pandemia.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

 

Vacina contra o HPV

O HPV está relacionado a alguns tipos de câncer (colo de útero, pênis, vagina, ânus, vulva e orofaringe) e verrugas genitais. O uso de camisinha na relação sexual diminui a chance mas não elimina a possibilidade de contaminação.

A vacina contra o HPV está disponível no SUS pelo programa nacional de imunizações desde 2014. Estudos envolvendo milhões de pessoas já comprovaram o benefício dessa vacina.

No SUS a vacina está disponível para:
– pessoas de 9 a 14 anos de ambos os sexos;
– mulheres imunossuprimidas de 9 a 45 anos;
– homens imunossuprimidos de 9 a 26 anos.

Se você não faz parte desses grupos pode tomar a vacina na rede particular.

Um estudo realizado entre 2005 e 2010 demonstrou que a vacina não induz comportamento sexual de risco.

Lorenza Silverio
Reumatologista da Clínica Move

#clinicamove #hpv #saudeintima #vivaosus

Saúde mental em momento pandêmico: o que já sabemos?

A pandemia de COVID-19 impôs mudanças e restrições que atinge o modo de estar-no-mundo das pessoas. Impacto este que acarreta no aumento da prevalência de distúrbios mentais.

Os principais notificadores de risco à saúde mental associados ao momento de pandemia de COVID-19 são os dos espectros sintomatológicos vinculados aos quadros de:
• Depressão
• Ansiedade
• Pânico
• Estresses Pós-traumático

Esses quatro quadros sintomatológicos podem ser expressos por alterações na rotina de sono, com mudança dos hábitos alimentares, passando pela incapacidade de realização de tarefa até à impossibilidade de um indivíduo manter uma rotina.

Em casos mais agravados, atinge a capacidade da pessoa acometida enfrentar adversidades chegando até a constante sensação de estar com a sua vida em risco e/ou sensação de morte.

Adolescentes têm piora na saúde mental durante a pandemia

Um estudo recente divulgado pela revista The Lancet aponta que o impacto da pandemia de COVID-19 é muito significativo para a saúde mental de adolescentes, mesmo aqueles que não foram contaminados.
Conforme relatado pelos pesquisadores islandeses, pode-se chamar essa faixa etária de “geração perdida”. Sem oportunidades de desenvolvimento central, os dados coletados na pesquisa mostram que sintomas depressivos aumentaram e o bem-estar mental decaiu entre os jovens.

O pesquisador Ingibjorg Thorisdottir e seus colegas estão entre os primeiros a abordar essa quaestão com dados empíricos sobre uma população adolescente. Eles compararam trajetórias de sintomas antes da pandemia (em 2016 e 2018) com sintomas depressivos durante a pandemia.

Cerca de 60 mil jovens entre 13 e 18 anos participaram do estudo, gerando dados únicos e muito necessários. A piora na saúde mental, em geral, foi mais notável entre as meninas de 13 a 18 anos.

Apesar do quadro negativo, houve uma redução no consumo de cigarros e vaporizadores e também nos casos de intoxicação por abuso de álcool entre jovens de 15 a 18 anos, durante a pandemia.

Saúde mental é foco de recomendação da OCDE

No último dia 8 de junho de 2021, mais de um ano após o início ‘oficial’ da pandemia de COVID-19, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou relatório em que recomenda “investimentos e qualidade do atendimento em saúde mental devem ser aumentados com urgência”.
Os prejuízos de ordem social e econômica associados aos transtornos mentais causados ou piorados pela pandemia são alvo do relatório.

Antes da pandemia, a estimativa é que uma em cada duas pessoas já havia sofrido de transtornos mentais e que uma em cada cinco estava afetada de forma permanente.
Das pessoas que desejam receber cuidados de saúde mental, 67% relataram ter dificuldades para obtê-los, conforme consta no documento da OCDE.

Impactos na memória e cognição

Um estudo feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, revelou que a memória e a cognição são frequentemente afetadas nos pacientes pós- COVID-19:

83,3% dos pacientes desenvolveram dificuldades cognitivas;
62,7% tiveram a memória a curto prazo afetada;
26,8% sofrem de perda de memória de longo prazo.
Quer saber mais sobre os danos causados pela COVID-19? Clique aqui (http://www.move.med.br/2021/06/01/disfuncao-cognitiva-e-da-memoria-pos-covid-19/)

O que é “Long Covid”?

Também conhecida como síndrome de pós-COVID-19 é o conjunto de sintomas que seguem por semanas ou meses depois da infecção viral.

Fadiga, falta de ar, dores no peito, perda de memória e concentração, insônia, tontura, dores articulares, depressão e ansiedade são alguns dos sintomas mais comuns que permanecem com as pessoas contaminadas pelo vírus.
Estudo no Reino Unido contabilizou cerca de 1 milhão de pessoas dizendo que manifestaram sintomas de COVID Longo por cerca de três meses. Dessas pessoas, 376 mil contraíram o vírus ou tiveram suspeita de contrair um ano atrás.

Há grande variação na intensidade dos sintomas que permanecem mais tempo com as pessoas. Para aquelas que apresentam diversas dificuldades após a contaminação, é preciso atenção e cuidado reabilitador.

Na Clínica Move uma equipe multidisciplinar tem se dedicado ao tratamento e reabilitação dos mais diferentes sintomas e sequelas.

Conheça nossa equipe aqui http://www.move.med.br/tratamentos/reabilitacao-pos-covid/
Dra. Marina Cecchini
Psicológa da Clínica Move

Referências
BAO, Y, SUN, Y, MENG, S, SHI, J, LU, L. 2019-nCoV epidemic: Address mental health care to empower society. Lancet. 2020;395(10224):e37-e38. Available from: https:// www.thelancet.com/action/s howPdf?pii=S0140- 6736%2820%2930309-3 Acesso 23/12/20.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Educational Activity. COVID-19 and Men- tal Health: Caring for the Public and Ourselves, 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOLOGIA. Como manter a saúde mental em época de COVID-19. Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/2020/03/como-manter-a-sau- de-mental-em-epoca-de- covid-19>. Acesso em 15/12/2020.
WANG C, PAN R, WAN X, TAN Y, XU L, HO CS, et al. Immediate psychological respon- ses and associated factors during the initial stage of the 2019 coronavirus disease (COVID- 19) epidemic among the general population in China. Int. j. environ. res. public health (On- line).;17(5):1729. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/a rticles/ PMC7084952/pdf/ijerph-17- 01729.pdf. Acesso em 23/12/2020.
THORISDOTTIR IE, ASGEIRSDOTTIR BB, KRISTJANSSON AL, ET AL. Depressive symptoms, mental wellbeing, and substance use among adolescents before and during the COVID-19 pandemic in Iceland: a longitudinal, population-based study. Lancet Psychiatry. 2021; (published online June 3.)

Meu filho está crescendo adequadamente?

O crescimento do ser humano acontece em velocidades e ritmos diferentes durante as fases da vida, e para cada idade há uma faixa de normalidade e não uma altura ideal. Geralmente, os filhos atingem alturas semelhantes ao de seus pais, por isso cada criança tem um potencial de crescimento particular que deve ser reconhecido e respeitado.

O potencial genético de crescimento da criança é avaliado através do cálculo da estatura alvo, a partir da estatura dos pais. A estatura final pode variar 8cm pra mais ou para menos dessa altura alvo, denominado canal familiar.
Durante a vida uterina, a velocidade de crescimento varia de acordo com a idade gestacional. Doenças genéticas ou alterações ambientais e placentárias podem determinar restrições no crescimento intrauterino, levando ao nascimento de crianças pequenas para a idade gestacional; isso pode influenciar no crescimento pós-natal e na estatura final.

A partir do nascimento, o hormônio do crescimento, chamado GH (Grownth Hormone), passa a ter papel primordial no crescimento da criança. Nos primeiros 3 anos de vida elas tendem a apresentar crescimento variável com intuito de alcançar o percentil de crescimento do seu canal familiar, por isso é importante avaliar em qual percentil de crescimento a criança se encontra ao fim do 3o ano e se está compatível com o seu canal familiar.

No primeiro ano de vida as crianças crescem em média 25cm; no segundo, 12cm; no terceiro 8cm e após o 3o ano, ocorre uma redução gradual da velocidade de crescimento até atingir um patamar de 4 a 6cm ao ano. Quando a criança está prestes a entrar no estirão da puberdade pode haver uma desaceleração ainda maior do crescimento, causando apreensão dos pais. Na puberdade, a criança passa por um período de 2 anos de crescimento acelerado (8 a 12cm ao ano), chamado de estirão puberal. A idade óssea é o grande preditor de crescimento e deve ser avaliada sempre que houver dúvidas quanto ao crescimento e desenvolvimento. Após o estirão puberal a criança passa a crescer muito lentamente até atingir sua estatura final, que ocorre com a idade óssea de 16 anos nas meninas e de 18 anos nos meninos.

De um modo geral, deve-se investigar déficit de crescimento em casos de:

• Crianças com estatura muito abaixo do esperado para idade e sexo (abaixo do percentil 2,5)
• Crianças que apresentam queda no percentil da altura após os 3 anos de idade ou velocidade de crescimento muito abaixo do esperado para idade e sexo
• Crianças com altura incompatível com o canal familiar.

Na maioria das vezes a baixa estatura ocorre devido seu canal familiar (pais baixos) ou por ter um crescimento mais lento (nesses casos a idade óssea também está atrasada e compatível com a estatura). Nessas situações, geralmente apenas se acompanha o crescimento, pois essas crianças atingirão sua estatura alvo. A garantia de uma alimentação variada e balanceada, sono em duração e horários adequados (mínimo 8 horas por noite), atividade física regular e exposição solar para produção de vitamina D são essenciais para o crescimento adequado das crianças.

Todas as crianças devem ser acompanhadas periodicamente quanto à sua curva de crescimento pelo pediatra. Os pais devem ficar atentos a sinais de alterações comportamentais, aparecimento precoce de caracteres sexuais (<8 anos em meninas e <9 anos em meninos), padrão alimentar, hábito intestinal, alterações importantes no peso corporal.

Diversas doenças metabólicas e hormonais podem afetar o crescimento infantil como hipotireoidismo, obesidade, erros alimentares, puberdade precoce, síndromes genéticas, doenças crônicas e uso de medicações. O diagnóstico precoce possibilita um melhor resultado, e quando a investigação mostra que a baixa estatura resulta de alguma doença, ela deve ser tratada.
O tratamento consiste na correção das doenças de bases e na reposição do GH em casos selecionados.
É sempre importante a avaliação do pediatra e de um endocrinologista na investigação e tratamento dessas crianças e adolescentes!

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

Atividade física também é para crianças!

Você sabia que a maioria das crianças e dos jovens DO MUNDO não chegam a 60 minutos diários de atividade física?
No Brasil são apenas 25%!!!
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O colégio Americano de Medicina Esportiva criou um conceito – a tríade da inatividade física:
– déficit de exercício
– redução de força por falta de uso
– analfabetismo físico
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Os benefícios da atividade física para crianças são inúmeros, como redução de obesidade, melhora da saúde óssea, da imunidade, da socialização, do trato intestinal, entre muitos outros.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
São estratégias para aumentar a prática entre os jovens:
– inovar;
– fazê-los descobrirem talentos;
– promover diversão e amizades;
– estabelecer sensação de pertencimento;
– ensinar movimentos, técnicas e habilidade;
– monitorar progresso.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A geração atual está inserida num contexto de uso de telas, de tecnologias. Porém, fazê-los mais ativos hoje, trará benefícios para hoje mesmo, e ainda mais para o adulto que ele irá se tornar.

Fonte: Pediatric inactivity triad: A triple jeopardy for modern day youth. ACSM, 2020

Dra. Gisele Mendes Brito
Pediatra da Clínica Move

Meu filho não gosta de nenhum esporte, e agora?



Existem crianças e adolescentes que não gostam dos esportes competitivos, mas isso não significa que eles não queiram fazer nada!

As crianças são ótimas “absorvedoras de comportamentos”. O que isso significa? Se elas observam seus pais ou responsáveis dentro de casa nos smartphones ou computadores, elas vão seguir esse mesmo comportamento, se tornando crianças sedentárias desde a primeira infância.  Atualmente até existem piadas sobre isso porque anos atrás precisávamos pedir para as crianças saírem da rua e voltarem para a casa, e hoje é exatamente o contrário, precisamos pedir para as crianças e adolescentes saírem do sofá e fazerem alguma atividade física.

Outro ponto importante a ser considerado é que não é porque os pais ou responsáveis foram atletas competitivos ou têm uma prática intensa de exercícios físicos que as crianças precisam treinar como eles.

Várias são as possibilidades esportivas:

  • lutas, dança, esportes tradicionais (futebol, basquete, vôlei, handebol, tênis, natação)
  • esportes outdoor (surf, escalada, skate, patins, bicicleta)
  • esportes radicais (rafting, tirolesa, rapel)
  • remo, golf, esgrima, squash, futebol americano, rugby, softbol e basebol, entre tantos outros.

A ideia é fazer com que as crianças se tornem ativas, e o que devemos fazer?

  • Os pais ou responsáveis precisam mostrar possibilidades de atividades físicas e esportes para as crianças.
  • Os pais ou responsáveis precisam estar engajados com as crianças, não adianta os pais quererem que seus filhos sejam ativos se eles mesmos não fazem nenhuma atividade.
  • Crianças de 2-5 anos devem fazer 2 horas atividade física moderada-intensa por dia.
  • Crianças de 5-17 anos pelo menos 1 hora de atividade física moderada-intensa por dia.
  • Máximo de 2 horas por dia em atividades sentadas (jogos e TV).
  • Não permitam que as crianças fiquem mais de hora em tempo sedentário

 

O desafio não é fácil, mas se todos estiverem envolvidos o sucesso com certeza será mais fácil!

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move



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