Síndrome Metabólica: um alerta vermelho para a sua saúde

O que é a síndrome metabólica?

Síndrome metabólica é o termo utilizado para um conjunto de fatores de risco implicados no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e do diabetes. Sua patogênese está relacionada principalmente à resistência insulínica e à inflamação causadas por uma disfunção do tecido adiposo. Além da predisposição genética, o estilo de vida caracterizado pelo sedentarismo e dieta pouco saudável tem grande impacto no desenvolvimento da síndrome.Sua prevalência tem aumentado, em paralelo com a de obesidade, e se tornou um problema global. Estima-se que a síndrome metabólica acometa em torno de 30% da população acima de 20 anos nos Estados Unidos e aproximadamente um quarto da população adulta na Europa e na América Latina. Por que devo me preocupar com a síndrome metabólica?

É muito importante identificar os pacientes com síndrome metabólica, pois, apesar de muitas vezes não sentirem nada, eles possuem um risco aumentado para diversas doenças. As duas principais são diabetes tipo 2 e doença coronariana, cujo risco é duas vezes maior nos pacientes com a síndrome quando comparados com os sem. Além disso, a síndrome já foi associado ao maior risco de acidente vascular cerebral isquêmico, doença hepática gordurosa, apneia obstrutiva do sono e cânceres como de mama e de cólon. Em mulheres, está associada à síndrome dos ovários policísticos e às doença hipertensivas da gravidez (eclampsia e pré-eclampsia). Estudos mais recentes têm levantado também a possibilidade de a síndrome metabólica afetar negativamente o desempenho neurocognitivo.

O diagnóstico precoce e o seu tratamento são essenciais para o impedimento de suas complicações.

Como saber se eu tenho síndrome metabólica?

De forma geral, a prevalência da síndrome metabólica aumenta com o envelhecimento. O risco é ainda maior em pessoas com histórico familiar de diabetes, sedentários, com sobrepeso/obesidade e que já apresentaram níveis alterados de glicose, colesterol e pressão arterial. Essas pessoas devem procurar atendimento médico especializado para pesquisar se possuem os critérios diagnósticos para síndrome.

De acordo com as diretrizes profissionais atuais, a síndrome metabólica é diagnosticada quando um paciente possui pelo menos 3 das seguintes 5 condições:

  • Glicose no jejum ≥100 mg/dL (ou receita de terapia com medicamentos para hiperglicemia)
  • Pressão arterial ≥130/85 mm Hg (ou receita de terapia medicamentosa para hipertensão)
  • Triglicerídeos ≥150mg/dL (ou receber tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia)
  • HDL-C <40 mg/dL em homens ou <50 mg/dL em mulheres (ou recebendo terapia medicamentosa para HDL-C reduzido)
  • Circunferência da cintura ≥102 cm em homens ou ≥88 cm em mulheres; se asiático americano, ≥90 cm em homens ou ≥80 cm em mulheres (Segundo os critérios da federação internacional de diabetes, pode-se usar um índice de massa corporal [IMC]> 30 kg/m2 no lugar do critério da circunferência da cintura)

Como posso evitar a síndrome metabólica?

A prevenção é sempre a melhor opção. A adoção precoce de estilo de vida saudável, com dieta balanceada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é o elemento fundamental na prevenção da síndrome metabólica.

Uma dieta saudável envolve, de modo geral, um balanço energético que permita a manutenção do peso saudável, a redução da ingestão de calorias sob a forma de gorduras, a mudança do consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, redução do consumo de gorduras trans (hidrogenada), o aumento da ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais e a redução da ingestão de açúcar livre.

A atividade física deve ter duração mínima de 30 minutos, ser regular e incluir exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular. A melhora de hábitos de vida deve incluir também a redução do tempo de lazer passivo (televisão, jogos eletrônicos, atividades em computadores etc.)

Outras medidas como evitar o  tabagismo e o consumo reduzido de bebidas alcoólicas também são importantes.

Como tratar a síndrome metabólica?

O tratamento envolve a associação de um plano alimentar saudável à pratica regular de atividade física, visando a redução do peso e gordura abdominal, melhora dos níveis pressóricos, de glicose e de colesterol. Muitas vezes, é necessário também o uso de medicações para o tratamento da hipertensão, dislipidemia e para inibir a progressão  para o diabetes. A abordagem terapêutica para síndrome metabólica deve ser multidisciplinar (médico, nutricionista, educador físico) e individualizada para as necessidades do paciente.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

O que é Ventosaterapia?

A ventosaterapia é uma técnica milenar de medicina alternativa que emprega ventosas. A técnica consiste em acender líquido inflamável dentro de copos redondos de vidro. Uma vez que a chama se apaga, forma-se um vácuo parcial no interior do copo. A diferença entre a pressão interior e exterior acaba por gerar uma força de sucção, estimulando o fluxo sanguíneo e deixando os círculos vermelhos, que desaparecem entre três e quatro dias.

Não existe um consenso na literatura sobre o beneficio dessa técnica, mas os atletas recreativos e competitivos relatam melhora das dores musculares e recuperação da fadiga pós treino  e competições.

 

Daniela Imoto
Fisioterapeuta da Clínica Move

O que é RED-S?



Saiba como essa síndrome pode afetar a performance e saúde de um atleta

A tríade da atleta feminina é uma síndrome conhecida pelos  Médicos do Esporte e técnicos, e se caracteriza por uma combinação de baixo aporte energético, ausência de menstruação e enfraquecimento do tecido ósseo, que pode levar a osteoporose. No entanto, de acordo com um consenso médico mais recente,  a tríade hoje é considerada apenas uma pequena parte de um problema maior, conhecido no meio científico como RED-S.

Relative Energy Deficiency in SportRED-S é o desequilíbrio  entre o aporte calórico necessário e o gasto energético durante a prática de esporte.

Essa síndrome não distingue gênero feminino ou masculino, e acontece porque muitas vezes o atleta acredita que vai melhorar a sua performance se conseguir baixar o seu peso, por meio de uma restrição alimentar aliada  a aumento no volume de treino.  Esse padrão acaba gerando um efeito oposto, já que a  RED-S provoca um comprometimento da saúde e performance a curto e  longo-prazo. Atletas que tem baixa disponibilidade energética podem desenvolver:

  • deficiências nutricionais
  • alterações hormonais (como a ausência de menstruação)
  • fadiga crônica
  • maior risco de infecções
  • diminuição da capacidade aeróbia e força muscular
  • redução da coordenação motora do gesto motor
  • alterações do sono

A manutenção crônica dessa deficiência energética implica também em alterações tardias no sistema cardiovascular (por alteração dos lípides e disfunção do endotélio – a parede dos vasos), na redução da síntese proteica, osteoporose e lesões nos tendões e músculos

Portanto, alguns pontos devem ser bem claros para os atletas profissionais e recreativos para evitar o surgimento da RED-S:

  1. A falta da menstruação na atleta feminina NÃO é uma situação normal de treino, pode ser um primeiro sintoma da síndrome RED-S.
  2. Se o volume de treino aumenta durante a temporada, o aporte energético também deve subir, para se manter um balanço energético adequado.
  3. Atenção para treino exagerado e contínuo, sem fases regenerativas.
  4. Cuidado ao se perseguir um biótipo ideal para melhorar a performance. Muitas vezes o peso absoluto final não pode ser o principal fator determinante da performance. A perda de peso excessiva pode implicar em perda de força e, consequentemente, de performance.

Portanto, fique atento ou atenta se o seu rendimento começar a cair de forma inexplicada. Você pode estar iniciando uma Síndrome RED-S.

Saiba Mais, clique aqui e baixe o pdf: 

Dra. Fernanda Lima
Médica da Clínica Move



Quando poderei voltar a praticar o meu esporte?

Você já deve ter perguntado para algum médico ou fisioterapeuta: “Quando poderei voltar a jogar, correr ou a praticar o meu esporte?” Provavelmente, sim!!! Posso afirmar que essa resposta não é nada fácil de ser respondida. Ai, você pensa… Lá vem ele falar de um monte de informação e me confundir mais do que ajudar. Realmente, por ser uma resposta complexa temos muitos fatores envolvidos.

Em 2016 em uma conferencia mundial de reabilitação reuniram-se vários pesquisadores da área e criaram um consenso sobre essa decisão.

https://bjsm.bmj.com/content/bjsports/50/14/853.full.pdf

Nós estamos longe de ter todas as respostas, mas, já estamos organizando critérios claros para organizarmos o seu retorno. E a palavra “CRITÉRIO” é chave nessa decisão. Quando criamos critérios precisos conseguimos que o esportista e o atleta tenham noção em que fase estão e onde querem chegar.

Vamos agora entrar em um ambiente mais técnico da decisão de retorno ao esporte.
Muitas vezes a midia ou nos mesmos nos perguntamos em quanto tempo vamos voltar, e a melhor resposta é “ DEPENDE”. Depende literalmente de você:

  •  Qual o nível de condicionamento você está no momento da lesão?
  • Qual o nível você está no momento da reabilitação?
  • Qual o nível você deseja participar nos esportes?

Esse mesmo consenso traz algumas imagens interessantes para entender que retornar ao esporte é uma fase intermediaria a voltar a ter resultados. Para o médico/fisioterapeuta, para o atleta/esportista e para o treinador retornar pode ter diferentes significados. Você pode querer apenas jogar uma bola de qualquer jeito no final de semana, mas você também pode querer jogar bola e perder peso, melhorar sua força, condicionamento ou até mesmo sua técnica.

Retornar em um menor tempo parece traduzir que o tratamento foi excelente, pode até ser.
Mas hoje em dia temos que verificar se ao longo daquela temporada, que você esta voltando, você teve ou terá outras intercorrências que possam estar associadas a lesão inicial. E essa última dúvida tem uma resposta simples, “SIM” lesões novas ou “relesões” estão associadas as lesões prévias e a reabilitação moderna e de qualidade tenta relacionar tudo isso e minimizar a causa base ou inicial.

Por isso, retornar ao seu esporte para mim, e para a Medicina do Esporte, é aquele momento onde temos a convicção de que você esta apto a desempenhar seu esporte de maneira segura, com menor riscos possível, e se você treinar, se alimentar e descansar adequadamente em pouco tempo seus resultados virão. Boa sorte e bons treinos!

Dr. Felipe Hardt
Medico do Exercício e Esporte da Clínica Move

Dor nas costas: Cuidado, o problema pode ser o quadril!

A lombalgia, ou dor nas costas é um sintoma muito prevalente e uma das principais motivos de procura ao consultório médico.

A abordagem inicial deve ser procurar a causa dessa dor, e identificar os “sinais de alarme” da lombalgia, que são:
– Dor predominantemente noturna ou no repouso
– Perda de peso inexplicada (mais do que 10 quilos nos últimos 6 meses)
– Surgimento da dor antes dos 18 anos ou após os 50 anos
– Febre persistente, infecção bacteriana recente e/ou imunossupressão
– Incontinência urinária ou fecal
– Histórico de uso crônico de corticoides
– Presença de massa abdominal palpável
– Fraqueza ou formigamento nos membros inferiores
– História de trauma ou osteoporose
– Dor rebelde ao tratamento habitual (repouso, medicação, fisioterapia)

As causas mais frequentes de lombalgia relacionam-se com fatores mecânicos ou posturais (desequilíbrios ou contraturas musculares), sendo menos comum a ocorrência de lombalgia devido patologias da coluna vertebral como:
Discopatias e herniações;
Estenose de coluna;
Patologias reumatológicas sistêmicas;
Fraturas ou tumores

No entanto, uma cas causas mais comuns de dor na região lombar também é decorrente do estilo de vida do paciente: em pacientes sedentários, pode ser causada pela obesidade e fraqueza da parede abdominal, já nos ativos fisicamente, pode ser causada por sobrecargas e erros de na periodização dos treinos, com excesso de volume ou intensidade, sem a adequada recuperação.

Uma causa de lombalgia de difícil diagnóstico é a causada por lesões no quadril. O impacto femoroacetabular, uma alteração óssea que pode ocorrer na cabeça do fêmur ou no acetábulo, o teto da articulação do quadril, é responsável por uma dor difusa na região do glúteo, com irradiação para a região lombar, que pode se confundir com a lombalgia. Essa dor é chamada de “sinal do C”, pois pode acometer toda a região que engloba o púbis, o quadril profundo, o glúteo e a região lombar, formando um arco em forma de C.

Quarenta e dois porcento dos pacientes que apresentam lesão no quadril apresentam lombalgia como queixa principal.

Uma minuciosa consulta médica com história clínica e exame físico completos, complementada com exames de imagens (raio-x e ressonância magnética) quando indicado, favorecem o diagnóstico correto da lombalgia, passo fundamental para um tratamento efetivo.
A constatação clínica da diminuição da amplitude de movimento do quadril, principalmente da rotação interna, é sugestiva de patologias da articulação do quadril.
O correto diagnóstico do impacto femoroacetabular, das lesões labrais ou das tendinopatias ao redor da articulação do quadril, promove a reabilitação mais adequada para a sua dor lombar.
Dr. Carlos Dorileo
Médico do Esporte da Clínica Move

Síndrome de Hipermobilidade Articular

Você tem facilidade para colocar as mãos no chão sem dobrar os joelhos? Percebe um alongamento exagerado no seu cotovelo ou polegar? Percebe seus joelhos um pouco voltados para atrás?

Isso pode caracterizar a hipermobilidade articular.

Observada desde a infância (10 a 30% das crianças podem apresentar) pode ser um fator predisponente para dor articular, luxações , entorses frequentes, assim como lesões recorrentes pela prática de atividade física de forma inadequada.

É muito importante reconhecer esta síndrome para que se tenha uma orientação médica especializada quanto aos cuidados na prática de atividade física.  Proteção articular,  fortalecimento específico, treino proprioceptivo, reconhecimento dos limites de sua articulação são as bases do tratamento.

Outros sintomas como fadiga, dor abdominal e ansiedade podem fazer parte do quadro.  Na maioria dos casos os pacientes acabam recebendo diversos diagnósticos sendo que apenas a síndrome de hipermobilidade poderia explicar.

Se você percebe essa mobilidade exagerada, essa frouxidão nas suas articulações busque uma orientação especializada e desde já evite estalar as articulações e hiperalongar. 

Dra. Milene S. Ferreira
Fisiatra e Geriatra da Clínica Move

Tratamento farmacológico para Obesidade

O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar e tem como alicerce a modificação do estilo de vida, com dieta saudável, aumento da atividade física e mudanças comportamentais. Infelizmente, o percentual de pacientes que não obtêm resultados satisfatórios com medidas conservadoras é alto; nesses casos o uso de medicamentos deve ser considerado.

O tratamento farmacológico deve ser implementado como adjuvante da modificação dos hábitos de vida relacionados com orientações nutricionais para diminuir o consumo de calorias na alimentação e exercícios físicos para aumentar o gasto calórico. O tratamento farmacológico não deve ser usado como tratamento na ausência de outras medidas não farmacológicas, pois não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida.

Tudo deve ser individualizado, sob supervisão médica contínua e mantido enquanto seguro e efetivo. A escolha do tratamento deve basear-se na gravidade do problema e na presença de complicações associadas. Os medicamentos recomendados para tratamento da obesidade no Brasil devem ser prescritos por médico especialista capacitado e bem informado sobre o produto, considerando os possíveis riscos do medicamento em relação aos potenciais benefícios da perda de peso para cada paciente.

Os medicamentos para tratamento da obesidade não devem ser prescritos durante a gestação e a amamentação. A prescrição de múltiplos princípios ativos para manipulação em uma única cápsula deve ser evitada, pois podem causar interações medicamentosas imprevisíveis por alterar a farmacocinética e a biodisponibilidade dos seus componentes.

Fórmulas contendo associação medicamentosa de substâncias anorexígena entre si ou com ansiolíticos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, também podem ser potencialmente prejudiciais.

É importante determinar metas de perda de peso realistas mas significativas. Embora a perda de peso sustentada de 3% a 5% do peso já possa levar a reduções significativas em alguns fatores de risco cardiovasculares, perdas de peso maiores produzem maiores benefícios.

Uma meta inicial de perda de 5% a 10% do peso inicial em 6 meses é factível. Vale ressaltar que o tratamento farmacológico da obesidade não cura a obesidade, que é uma doença crônica que tende a recorrer após a perda de peso. Por isso, pessoas obesas devem ter contato em longo prazo com profissionais de saúde com experiência no seu tratamento (endocrinologistas, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos).

O tratamento farmacológico pode ser mantido mesmo após a chegada ao peso ideal, para evitar o reganho. Após a perda de peso, ocorrem uma série de alterações hormonais e metabólicas que favorecem o aumento do apetite e a redução do gasto metabólico, tornando a fase de manutenção tão ou até mais difícil que a de perda. Ignorar essa fase e suspender precocemente o tratamento pode ser um erro que leve ao reganho de peso.

É importante você procurar um médico endocrinologista para ajuda-lo nesse processo!

 

Dra. Mirela Miranda

Endocrinologista da Clínica Move

PALESTRA: Biomecânica da Corrida – entenda as principais fontes de lesão

INSCRIÇÕES ENCERRADAS!

Para você, corredor, que quer entender quais são os principais erros de movimento durante a corrida e como isso pode influenciar em sua performance e lesão, essa palestra explicará, de forma simples e através de exemplos práticos, qual a biomecânica correta da corrida, fornecendo maior consciência para a prática adequada do esporte.

Público alvo: praticantes de corrida

Inscrição: 1Kg Alimento (arroz, feijão ou macarrão) que serão doados para o Lar Nossa Senhora Aparecida.

Data: 08/12 – 10h às 12h

No dia da palestra terá o sorteio de uma Avaliação Biomecânica!

 

Ministrante: Juliana Thomé Gasparin

Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em Reeducação Funcional da Postura e Movimento pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Mestre em Ciências pelo Programa de Neurociências e Comportamento do Instituto de Psicologia da USP. Atuou como supervisora responsável pelos ambulatórios de Neurologia, Reumatologia, Esporte, Urofuncional e Gastroenterologia dos cursos de especialização em fisioterapia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sendo responsável pelas atividades acadêmcas vinculadas aos seus ambulatórios e aos cursos de Reeducação Funcional da Postura e Movimento, Gerontologia e Saúde da Mulher. Também atuou como supervisora da Liga de Reeducação Funcional da Postura e Movimento do HCFMUSP. Atualmente trabalha com avaliação biomecânica funcional e atendimento clínico de pacientes com queixas musculoesqueléticas.

Para dúvidas e maiores informações: juthome21@gmail.com

Clique aqui e conheça mais sobre o Lar Nossa Senhora Aparecida.

O que são Fraturas por Estresse?

As fraturas por estresse representam 20% das lesões por overuse no esporte e representam um importante limitador de performance durante uma temporada de competição de atletas recreativos e profissionais.

            Conceitualmente, a fratura por estresse engloba dois subtipos: as fraturas por fadiga e as fraturas por insuficiência.  Qual a diferença desses subtipos?

 

  • As fraturas por insuficiência são aquelas que acontecem mediante a aplicação de uma carga habitual em um osso frágil ou doente, como nos casos de osteoporose, tumor ósseo ou infecção local. Esse tipo de fratura é visto em indivíduos sedentários ou com doenças crônicas.
  • As fraturas por fadiga, o  osso afetado é saudável, mas sofre diante de uma sobrecarga mecânica ampliada e repetitiva, que não respeita os limites de readaptação fisiológica desse osso. Esse tipo de fratura  é em geral visto nas fraturas por estresse no esporte.

 

E porque essa fadiga acontece?

O osso responde a uma complexa combinação de  estímulos mecânicos de compressão, tensão e torção para produzir mais osso. Esses estímulos geram o que é chamado de  “microcrack” ou microfratura em resposta ao stress.  Essa reação fisiológica estimula as células ósseas locais a sintetizar microtrabéculas saudáveis e reparar a trabécula lesionada.  Esse é um processo contínuo e promove um aumento da densidade do osso,  quando o estímulo é adequadamente imposto, e respeita o ciclo de remodelamento.

            Se o estímulo é excessivo em intensidade ou frequência, há uma quebra nesse processo e o osso sofre uma fratura clínica.  Nesse caso o atleta vai sentir dor local que piora mediante o estímulo físico do gesto esportivo que motivou a lesão.

            Uma vez que o médico do esporte ou ortopedista suspeitam que a lesão possa ser uma fratura de estresse, é fundamental estabelecer o local anatômico, as características e extensão da fratura, e  isso é feito por meio de métodos de imagem.

            Embora a radiografia simples seja um método de fácil acesso para essa situação, nem sempre as fraturas por estresse são detectadas por meio desse método. O método mais sensível e específico utilizado na prática clínica  é a Ressonância Magnética.

            As fraturas por estresse são classificas em baixo risco e alto risco. As de baixo risco apresentam uma ótima evolução,  e são tratadas com retirada da carga excessiva e reabilitação fisioterápica. As fratura alto risco são aquelas que estão instáveis ou desalinhadas, e  que tem propensão para não consolidar e. Em alguns casos essas fraturas precisam ser tratadas com uma imobilização mais prolongada ou eventualmente até com cirurgia.

            Noventa por cento das fraturas por estresse se localizam em quadril e membros inferiores, em especial no tornozelo e pés. Os esportes que mais estão relacionados com esse padrão de lesão são os esportes que utilizam a corrida de longa distância e os deslocamentos com saltos e pulos de repetição.

 

Faz parte do tratamento avaliar se o atleta apresenta fatores de risco para uma nova fratura, como:

  • Revisar o gesto esportivo para ver se existe algum erro na técnica
  • Reprogramar o volume de treinamento esportivo com o treinador
  • Investigar alterações hormonais ou baixo aporte energético

Os itens acima são exemplo de um check list que deve ser revisto antes de liberar o atleta para retomar o seu treinamento.  As atletas que apresentam disfunção menstrual apresentam um risco adicional, pois estão expostas a uma baixa de estrógeno, um importante hormônio de manutenção da saúde óssea.

 

Em geral, o tempo total para a retomada às atividades normais após uma fratura de estresse é de 8-12 semanas, dependendo do esporte e da fratura em questão. Essa volta aos treinos deve ser feita de maneira gradual, com acréscimo monitorado de carga e sempre respeitando a ausência de dor como referencial para progressão.

Dra Fernanda Rodrigues Lima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

 

Lesões mais comuns no Ciclismo

Para entender a epidemiologia das lesões no ciclismo, é importante ressaltar alguns pontos. O ciclismo é um esporte que implica em alta velocidade (exigindo reflexos rápidos), presença de obstáculos e curvas desafiadoras. Somando-se a isso, o equipamento de proteção utilizado é bem restrito, apenas o  capacete. Portanto, temos uma combinação que favorece  lesões traumáticas. Na outra ponta, trata-se de um esporte aeróbio que se caracteriza por um gesto esportivo de repetição (pedalar) e de estabilização com uma total integração com um equipamento em cadeia fechada (bicicleta).

As lesões traumáticas são mais frequentes no atleta profissional, até porque o tempo na bicicleta e o risco a que ele se submete é maior. No entanto, nas lesões por overuse, como já é visto na maioria dos esportes, há uma inversão desse padrão, e o risco é muito maior nos atletas recreativos.

            Do ponto de vista anatômico, as lesões traumáticas afetam predominantemente a membros superiores e cabeça.  As mais comuns são as erosões por raspagem no asfalto, as contusões e o traumatismo crânioencefálico (TCE). Vale ressaltar que com a introdução do uso do capacete  houve uma redução significativa da gravidade, tempo de internação nas Unidades de Terapia Intensiva  e óbitos relacionados ao TCE.

            As lesões por overuse são  mais comuns em coluna lombosacra e membros inferiores.

Uma vez que  as lesões por overuse podem ser prevenidas,  é fundamental que o médico do esporte identifique os fatores de risco da lesão, e assim, diminua o risco do retorno da lesão. E quais são esses fatores? 

  • O histórico de lesões prévias
  • A idade do atleta
  • O aporte energético
  • E principalmente a integração da biomecânica do ciclista com o equipamento (que no meio é conhecido como bike fit).

Talvez o fator mais marcante em lesões por overuse seja a má administração do volume de treino ou o chamado erro de treinamento. O que é isso? Trata-se do desequilíbrio  entre a carga aguda (aquela que aconteceu nos últimos 7 dias) com a carga cumulativa  (das últimas 4 – 8 semanas). Uma introdução abrupta de cargas agudas grandes pode gerar um desequilíbrio e deixar o atleta predisposto a lesões.

Em termos de localização anatômica, o joelho é o mais afetado por overuse em ciclista, sejam os recreativos ou olímpicos, principalmente na região anterior (patela), isso ocorre pelo  movimento de flexo-extensão constante imposto pelo ato de pedalar.

            A dor na coluna lombosacra pode acontecer em função do tempo prolongado na bicicleta, principalmente  em ciclistas que tenham uma disfunção  de controle motor da flexão e estabilização lombar.

            Nos  pontos específicos de contato com a bicicleta, há um risco maior também de lesão por overuse. Os 3 pontos são o guidão, o pedal  e o selim.  O posicionamento inadequado do punho no guidão pode gerar uma compressão no nervo ulnar, levando a sintomas de formigamento e dormência nos dedos. O mesmo padrão pode acometer nos nervos interdigitais dos pés, em sofrimento por  uma sapatilha apertada ou taco mal posicionado.   Por fim, o contato prolongado de um selim de tamanho inadequado ou mal angulado pode gerar sintomas de atrito na região da virilha, promovendo foliculites ou erosões, bem como, uma compressão do nervo pudendo, gerando um adormecimento da região perineal.

Embora seja um esporte que produza lesões traumáticas e por overuse, vale reafirmar que de longe, a sua prática adequada pode gerar mais benefícios a longo prazo do que riscos, como aumento da longevidade, diminuição de riscos de doenças crônicas como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

 

Dra. Fernanda Rodrigues Lima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

Precisa de Ajuda?