É normal ter reganho de peso depois de emagrecer muito?

As evidências científicas confirmam a inexorável tendência de reganho de peso observada após uma perda significativa e que o seu motivo não é simplista, somente atribuível à perda de motivação ou adesão do paciente (que também são fatores envolvidos), mas é impulsionado por potentes mecanismos biológicos que tendem a estimular o aumento da ingestão calórica e diminuir o gasto de energia. Quando a redução do peso corporal ocorre, a secreção de hormônios orexígenos (que causam fome) no trato gastrointestinal tende a aumentar, enquanto a produção de hormônios anorexígenos (que inibem a fome) decai. A leptina, que é um hormônio expresso no tecido adiposo e tem efeitos anorexígeno e em aumento de gasto energético, tem grande redução após uma perda de peso. Os efeitos combinados desses sinais periféricos ao nível do neurônios hipotalâmicos controlando o peso e o balanço energético causam um aumento da fome e diminuição do gasto energético, criando um substrato favorável para a ação dos mecanismos centrais ligados ao prazer e a recompensa pela comida.

Esse conhecimento é importante para:
👉🏽Entender que a perda de peso nunca é linear; a tendência é perder mais no início e menos ao
passar do tempo e isso não indica falha do tratamento, mas sim uma resposta fisiológica do corpo à perda de peso
👉🏽Quebrar o estigma que o reganho é um efeito rebote da retirada da medicação
👉🏽Entender que a fase de manutenção do peso perdido é um processo tão ativo quanto a de perda e requer o estabelecimento de estratégias efetivas para evitar o reganho (uma delas pode ser a
manutenção da medicação a longo prazo)

‼️É por isso que é importante que os pacientes não se automediquem, procurem o acompanhamento com profissionais capacitados que possam auxiliar adequadamente no tratamento para perda de peso e, também, na manutenção do peso perdido a longo prazo.

Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, Roberts CA, Halford JCG, Batterham RL. Mechanisms
of weight regain. Eur J Intern Med. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002

Dra. Mirela Miranda
CRM: 147.317
@dra .mirelamiranda
Endocrinologista da Clínica Move

Hipotireoidismo: o que é, fatores de risco e sintomas

O hipotireoidismo é a doença mais comum da tireoide e resulta da produção deficiente dos hormônios tireoidianos. Isso leva a lentificação dos processos metabólicos, que pode acarretar redução da performance física e mental do adulto. Apesar de poder acometer qualquer pessoa, é mais comum em mulheres e sua ocorrência aumenta com a idade.

A principal causa do hipotireoidismo é uma doença autoimune que afeta a tireoide, denominada Tireoidite de Hashimoto. Outras causas incluem o tratamento com iodo radioativo ou cirurgia da tireoide e causas mais raras como problemas na hipófise.

Os sintomas incluem: cansaço excessivo, sonolência, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, depressão, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso (de 2-4 kg), intolerância ao frio.
Esses sintomas não são exclusivos do hipotireoidismo, por isso a suspeita clínica deve ser confirmada com a dosagem de T4 livre (que estará baixo) e TSH (que estará alto).

Pessoas com hipotireoidismo leve podem não ter qualquer sintoma e atualmente a maioria dos pacientes com hipotireoidismo é diagnosticada com sintomas leves ou assintomáticos, através de exames de rotina.

Os principais fatores de risco para hipotireoidismo são: idade acima de 60 anos, histórico familiar de hipotireoidismo, histórico pessoal de doença autoimune, histórico pessoal de alterações na tireoide (cirurgia, radiação, tratamento para hipertireoidismo, tireoidite), síndrome de down e síndrome de Turner, presença de bócio, uso de algumas medicações como amiodarona e interferon.

A American Thyroid Association recomenda que a função tireoidiana seja avaliada pelo menos 1x a cada 5 anos em pacientes acima de 35 anos e naqueles com fatores de risco.

Se você apresenta algum dos sintomas descritos acima e/ou se possui algum fator de risco para desenvolver hipotireoidismo, converse com seu médico, procure um endocrinologista.
Importante: A biotina, muito utilizada para melhora dos cabelos e fâneros, pode alterar falsamente os exames da tireoide, se você colheu exames em uso de biotina, comunique seu médico, se ainda vai colher os exames, suspenda o uso 3 dias antes da coleta.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

O que são Disruptores Endócrinos?

Os disruptores endócrinos (DEs) são substâncias químicas exógenas ou mistura de substâncias químicas, que interferem com qualquer aspecto da ação hormonal.
Pessoas e animais entram em contato com os DEs de várias formas:
• consumo de alimentos e água, através da pele;
• por inalação e pela transferência da mãe para o feto (através da placenta) ou da mãe para o bebê (através da lactação).

A exposição pode ocorrer em casa, no escritório, no campo, no ar que respiramos, nos alimentos que comemos e na água que bebemos.
Das centenas de milhares de substâncias químicas fabricadas, estima-se que cerca de 1000 podem ter propriedades de ação endócrina. Alguns exemplos comuns de DEs incluem:
• DDT e outros pesticidas;
• bisfenol A (BPA) e ftalatos, utilizados em produtos infantis, produtos de higiene pessoal e em recipientes para alimentos.

Além dos DEs conhecidos, suspeita-se da existência de inúmeros DEs ou de substâncias químicas que nunca foram testadas. O mais famoso dos DEs é o bisfenol A, presente em diversos plásticos e embalagens. Em 2011, a ANVISA proibiu a presença desta substância nas mamadeiras, pelo risco que representa para as crianças, mas ela continua presente em latas de refrigerantes e outras embalagens.

Evidências científicas apontam que a exposição aos DEs leva a desequilíbrios hormonais e está relacionada a diversas doenças endócrinas e não-endócrinas em crianças e adultos:
Reprodutivas/endócrinas: puberdade precoce, criptorquidia, hipospádia, câncer de mama, câncer de próstata, endometriose, infertilidade, diabetes, obesidade e distúrbios tireoidianos;
Imunes/autoimunes: suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes;
Cardiopulmonares: asma, doenças cardíacas, hipertensão, infarto;
Cerebrais/nervosas: mal de Parkinson, mal de Alzheimer, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dificuldades de aprendizado.

Ainda não se sabe qual a quantidade necessária de disruptores endócrinos para causar danos à saúde humana. Entretanto, estudos apontam que quantidades ínfimas já teriam a capacidade de causar danos. Os primeiros anos de vida, especialmente vida fetal e infância, são um período de muita vulnerabilidade, sendo consideradas as principais janelas temporais de suscetibilidade à influência dos DEs. Desse forma, é de fundamental importância tentar preservar gestantes, crianças e adolescentes da exposição exagerada a essas substâncias.

É praticamente impossível prevenir 100% da exposição, dada a onipresença dessas substâncias no nosso ecossistema, mas medidas práticas constituem:
• Consumir alimentos orgânicos sempre que possível;
• Preferir alimentos da época, que costumam ter menor exposição a agrotóxicos.
• Lavar bem e descascar frutas e vegetais;
• Retirar a gordura visível da carne e a pele do frango antes do preparo (pesticidas podem se acumular nessas estruturas);
• Substituir tábuas e recipientes de plásticos utilizados no preparo e armazenamento de alimentos por tábuas, recipientes e potes de vidro temperado;
• Evitar o uso de pesticidas no ambiente doméstico, escolar e em creches;
• Não aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas. O calor potencializa a transferência de substâncias químicas para os alimentos;
• Evitar a exposição de crianças pequenas a brinquedos e mordedores de plástico.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

Uma vida saudável deve ser uma vida feliz

Para investigar quais seriam os preditores para uma vida longa e saudável, um estudo conduzido pela Universidade de Havard acompanhou 724 homens de várias origens sociais por 75 anos. Os pesquisadores coletaram todos os tipos de informações de saúde e de bem-estar mental e emocional.

Aqui vão algumas conclusões do estudo:

– A felicidade é um dos pilares para uma vida saudável.
– Comportamentos específicos estão associados a maiores níveis de felicidade. Um deles é focar no que traz bem-estar. (Quais atividades te deixam feliz e o que te impede de realizá-las? Pense na sua infância. O que você gostava quando era mais jovem? Tente voltar a essas atividades que trazem alegria.

Mas a descoberta surpreendente foi que: nossos relacionamentos e o quão felizes somos neles tem uma influência poderosa em nossa saúde. Cuidar do corpo é importante, mas cuidar dos relacionamentos também é uma forma de cuidar de si mesmo. Bons relacionamentos, mais do que dinheiro ou fama, são o que mantém as pessoas felizes por toda a vida, revelou o estudo. Esses laços protegem as pessoas dos descontentamentos da vida, ajudam a retardar o declínio mental e físico e são melhores preditores de uma vida longa e feliz do que a classe social, o QI ou mesmo os genes. “A conexão pessoal cria estimulação mental e emocional, que são impulsionadores automáticos do humor, enquanto o isolamento destrói o humor”, diz um dos pesquisadores.

E isso não está relacionado ao fato de ser casado ou não ou à quantidade de amigos que o indivíduo tem, está relacionado à qualidade dessas relações. Então, devemos nos concentrar em relacionamentos positivos e deixar para trás as pessoas negativas em nossas vidas, ou pelo menos minimizar suas interações com elas.

Então a mensagem final é: mantenha-se conectado com o que e, sobretudo, com quem te faz bem e feliz 😉

Dra. Mirela Miranda @dra.mirelamiranda
Endocrinologista da Clínica Move

 

A obesidade e seus riscos para saúde

A obesidade vem se tornando um problema de saúde púbica mundial. No Brasil, uma em cada cinco pessoas está acima do peso e a prevalência de obesidade passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. O crescimento da obesidade veio acompanhado do aumento da prevalência de diabetes e hipertensão.

O ganho de peso está relacionado a um desequilíbrio entre o consumo e gasto de calorias, levando a um acúmulo enérgico, principalmente na forma de gordura. Além dos conhecidos fatores ambientais como hábito alimentar e sedentarismo, os fatores genéticos relacionados à maior predisposição a lipogênese (acúmulo de gordura) e a menor lipólise (quebra de gordura) também têm grande influência. Sendo assim, a obesidade deve ser encarada como uma doença crônica, a qual requer um acompanhamento contínuo a longo prazo.

A obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de dezenas de outras doenças crônicas, que causam prejuízo à qualidade de vida dos pacientes, além de serem potencialmente fatais. As doenças correlacionadas mais conhecidas são diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Além dessas, o excesso de peso pode levar doenças do sistema respiratório, do sistema digestório e osteomusculares, sendo, também, fator de risco para o desenvolvimento para alguns tipos de cânceres como de mama, endométrio, próstata e cólon.

Com o crescimento da epidemia de obesidade, têm surgido diversas propostas de tratamentos para perda de peso. Infelizmente, nem todas têm sua eficácia cientificamente comprovada e algumas podem inclusive trazer riscos à saúde dos pacientes. Tem se tornado evidente que medidas drásticas de perda de peso e abordagens estreitas para o tratamento da obesidade raramente são eficazes e que uma estratégia mais ampla e multidisciplinar baseada em pequenas mudanças de estilo de vida é mais viável para os pacientes, produzindo resultados mais consistentes.

Baseados nas mais atuais evidências científicas, nós da Clínica MOVE acreditamos que os cuidados multidisciplinares voltados para abordagens práticas para a mudança de estilo de vida em pequenos passos podem ser um meio eficaz de tratamento para muitos pacientes que necessitam perder de peso. Por isso, oferecemos acompanhamento com um time de especialistas compostos por endocrinologistas, nutricionistas, educadores físicos e terapeuta comportamental, trazendo um conjunto único de habilidades para atender às necessidades do paciente.
Os médicos abordam problemas médicos que podem afetar a perda de peso e outras doenças associadas (diabetes, hipertensão…) além de ajudarem os pacientes a estabelecer suas metas, enquanto os nutricionistas ajudam os pacientes a aprenderem gradualmente a comer menos e a incorporar alimentos saudáveis em suas dietas. Os educadores físicos ensinam formas práticas de inserir, de forma adequada, a atividade física no dia a dia e os terapeutas comportamentais ajudam os pacientes a se prepararem mentalmente para o processo de mudança de estilo de vida e abordam as barreiras à mudança.

Com a atuação de todos os membros da equipe multidisciplinar aliados ao compromisso contínuo dos pacientes, traçamos objetivos práticos e, a pequenos passos, podemos chegar a grandes resultados no alcance da perda de peso saudável e duradoura.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

Precisa de Ajuda?