O que é o ligamento cruzado anterior?

O Ligamento Cruzado Anterior – LCA

Um dos quatro principais ligamentos do joelho que conecta a tíbia ( um dos ossos da perna) com o fêmur ( osso da coxa). Sua posição tem orientação diagonal na região interna da articulação e tem como principal função manter a estabilidade (firmeza) do joelho. Ele não permite que a tíbia venha para frente em relação ao fêmur e também evita que o joelho tenha movimentos estacionais evitando os entorses de joelho, e potenciais lesões. Dentro desse mesmo compartimento temos ainda estruturas importantes como os meniscos e a cartilagem articular que também tem como papel estabilizar o joelho. Portanto, quanto menos lesões associadas com o LCA melhor a função geral da articulação e prognóstico.

As lesões do LCA são comuns em esportes com mudança de direção como futebol, basquete, handebol e Rugby. Nem sempre as lesões são com contato ( quando um atleta sofre um empurrão ou é deslocado), pelo contrario na maioria das vezes o atleta ou esportista está sozinho em movimento de mudança de direção, saltando ou aterrissando. O prognóstico de lesões parciais é favorável, apesar de alguns casos o sujeito poder sentir sintomas durante o esporte ou até mesmo no dia a dia. Já as lesões totais não tem um prognóstico muito favorável, apesar de termos registros e novos estudos onde alguns atletas não são tão dependentes desse ligamento.

Em resumo esse tipo de lesão varia muito de caso a caso precisando ser avaliado por profissionais capacitados e ou melhor, por uma equipe que possa discutir cada detalhe no sentido de devolver as capacidades e funções para o bom desempenho das atividades esportivas. Deve-se ter por objetivo minimizar os riscos e aumentar os benefícios para a saúde geral do paciente. Devemos levar em consideração questões como o grau de solicitação dos esportes praticados e o nível que se quer atingir – nível competitivo desejado.

Felipe Hardt
Medico do Esporte da Clínica Move

Fatores determinantes para um envelhecimento satisfatório

Todos nós queremos envelhecer bem, mas o que é considerado envelhecimento saudável?

Consideramos o envelhecimento satisfatório quando envelhecemos com preservação de nossa independência física e intelectual, com ausência de depressão e manutenção de nossa função social.

Quais os fatores determinantes para um envelhecimento satisfatório?

  • Ter perspectivas e planos para futuro
  • Manter atividade continua (prática de atividade física regular, atividades socias, laborais e lazer)
  • Nivel educacional
  • Estabilidade financeira
  • Acesso a serviços de saúde

A população com melhor força muscular, melhor aptidão cardiorespiratória e maior velocidade de caminhada envelhecem de forma mais satisfatória, reforçando a importância da prática de atividade física.

Sabemos ainda que o impacto da atividade física regular vai além da preservação da capacidade funcional, também reduz o risco de eventos cardiovasculares, diabetes, dislipidemias, depressão, cancer, doenças osteoarticulares, demências entre outros.

Qual o papel do médico neste contexto?

O médico deverá  identificar facilitadores que deverão ser usados a favor do paciente. Por exemplo, se existe uma resistência muito grande do paciente em relação ao início da atividade física, mas identificamos que ele gosta de passear com o cachorro, podemos reforçar este hábito e acrescentar o uso de um acelerômetro (aparelho que conta o número de passos) construindo metas progressivas com o paciente. 

Enfim, cabe ao médico identificar as barreiras e tratá-las, identificar facilitadores e reforça-los e traçar plano de tratamento com metas claras e realistas em parceria com o paciente, monitorando constantemente e garantindo a aderência.

Dra. Milene Silva Ferreira
Fisiatra e Geriatra Clínica Move

Existe diferença entre Acupuntura e Agulhamento a Seco?

A Acupuntura é uma técnica milenar e faz parte da Medicina Tradicional Chinesa. Nas últimas décadas, com sua popularização, houve grande preocupação e curiosidade, por parte da comunidade científica, quanto à comprovação de seus benefícios.

Assim, vários estudos permitiram descobertas neurofisiológicas que permitiram algumas releituras da prática tradicional da Acupuntura, incorporando novos conceitos e confirmando ainda mais a sua eficácia.
Colocar uma agulha no ponto de dor, o Agulhamento a Seco, é algo descrito desde os primórdios da Acupuntura e da Medicina Tradicional Chinesa, mas pela popularização da chamada Síndrome Dolorosa Miofascial (dor muscular crônica), atualmente essa técnica ficou mais em evidência.

É muito comum a Síndrome Dolorosa Miofacial estar associada a dores de origem óssea, inflamatória ou neurológica.
Uma das formas mais eficazes de tratar essa condição dolorosa é com a técnica de Agulhamento a Seco. Essa técnica é feita no ponto de dor, com as mesmas agulhas utilizadas na Acupuntura, variando a técnica de introdução das agulhas e na profundidade de aplicação.

Desta forma, o Agulhamento a Seco faz parte da própria Acupuntura. O importante é unirmos práticas e conhecimentos, utilizando todos os recursos disponíveis para tratar o paciente com dor crônica

Dr. Marcelo Machado Arantes
Médico do Exercício e do Esporte da Clínica Move

O que devo saber sobre a minha tireóide?

A tireoide é um dos maiores órgãos endócrinos, pesando 15-20g em adultos e está localizada na parte anterior do pescoço. Ela é responsável pela produção e liberação de hormônios importantes para funcionalidade de diversos órgãos como: coração, intestino, músculos, cérebro e rins. Esses hormônios são produzidos a partir de moléculas de iodo e são denominados de T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina).

As funções da tireoide:

  • crescimentoe desenvolvimento de crianças e adolescentes
  • controle do peso
  • memória e concentração
  • regulação dos ciclos menstruais e fertilidade
  • humor e controle emocional

O mau funcionamento da tireoide envolve a produção insuficiente dos seus hormônios, denominado Hipotireoidismo, ou em excesso, denominado Hipertireoidismo. Nessas duas situações, o volume da glândula pode aumentar, o que é conhecido como bócio.

A ocorrência do Hipotireoidismo aumenta com a idade, e é mais comum em mulheres que em homens. Os fatores de risco são:

  • histórico familiar de doença tireoidiana
  • presença de outra doença autoimune
  • uso de alguns fármacos
  • deficiência ou excesso de iodo na dieta.

A deficiência dos hormônios tireoidianos podem causar:

  • fadiga e sonolência
  • alteração de pele (seca e fria), enfraquecimento de unhas e cabelos
  • perda de memória e depressão
  • ganho de peso (aqui lembrando que o hipotireoidismo não é uma causa isolada de obesidade, mas pode contribuir para um ganho ou dificuldade de perda de peso)
  • dores musculares e articulares
  • diminuição da frequência dos batimentos cardíacos
  • constipação
  • alterações no colesterol

Algumas crianças podem nascer com hipotireoidismo e para detectá-lo, é realizado o chamado Teste do Pezinho, realizado entre o terceiro e quinto dia de vida do bebê.

No Hipertireoidismo ocorre o oposto, um excesso de produção hormonal levando ao aumento do metabolismo. Dessa forma, observamos:

  • emagrecimento
  • perda de massa óssea e muscular
  • palpitações e arritmias
  • tremores e fraqueza muscular
  • diarreia
  • agitação, irritabilidade, labilidade emocional
  • alterações oftalmológicas (exoftalmia)

Além de problemas na sua produção hormonal, pode ocorrer a presença de nódulos nesta glândula. Estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida, no entanto, apenas 5% são malignos. O reconhecimento de um nódulo na tireoide pode salvar uma vida, por isso a palpação da glândula é fundamental.  

O iodo é essencial para o bom funcionamento da tireoide e sua ingesta deficiente ou excessiva pode causar disfunções tireoidianas. As recomendações de ingesta diária de iodo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são de 100-150 µg/dia para a população geral e 250 µg/dia para gestantes e lactantes. A solução de Lugol não deve ser prescrita com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. A solução de Lugol 5%, que é composta por iodeto de potássio (10%), iodo elementar inorgânico (5%) e água destilada, contem 2500 µg de iodo em cada gota, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS.

Disfunções na tireoide podem aparecer em qualquer etapa da vida e podem ser diagnosticadas por meio de dosagens hormonais específicas e ultrassonografia. Fiquem atentos se apresentarem as alterações citadas acima. Para o diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas à tireoide procure um Médico Endocrinologista.

Dra. Mirela Miranda
Médica Endocrinologista da Clínica Move

O que é Artralgia?



A artralgia, também conhecida como dor na articulação, é caracterizada por dor ou incômodo em uma ou mais articulações.

 As articulações são compostas por algumas estruturas, tais como osso, cartilagem, membrana sinovial, ligamentos, tendões e ênteses. Assim, sempre que tivermos um quadro inflamatório nessas estruturas poderá ocasionar dor articular.

Algumas doenças que podem dar dor articular:

  • Osteoartrite
  • Doenças metabólicas com a gota
  • Doenças inflamatórias autoimunes com a artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondiloartrites
  • Doenças infecciosas virais como a hepatites, dengue, chikungunya e algumas doenças bacterianas
  • Alguns tipos de traumas na articulação

É importante que seja feito o diagnóstico o mais rápido possível, para que tratamento seja iniciado de forma especifica para cada doença, por isso, nos quadros de dores articulares é a Importante passar em consulta com o Médico Reumatologista.

 

Dra. Maria Ester Fonseca

Clínica Médica e Reumatologia da Clínica Move



Exercício e câncer: teoria ou prática?

Neste ano, completo uma década treinando pacientes oncológicos. O conceito de atendimento que criei, baseado nas evidências científicas disponíveis da época, posteriormente nomeado Oncofitness, mostrou-se eficiente e seguro, transformando-se em sinônimo da rotina de exercícios realizada por pessoas com câncer. O que antes era tido como impossível, hoje é considerado uma ótima ferramenta de intervenção no manejo do câncer.

Os anos passaram e o treinamento evoluiu junto com a Ciência que o permeia. Entretanto, mesmo diante de tanta informação e relatos que atestam esta prática, ainda enfrento questionamentos básicos por parte de pacientes (o que é bem aceitável) e por profissionais da área de saúde (o que não deveria acontecer mais). Poderia respondê-las a partir de minhas experiências profissionais. Mas como tenho um compromisso com a Ciência, não me sinto a vontade em extrapolar os resultados obtidos nestes meus atendimentos para uma determinada população com câncer – para isso que existem os estudos científicos. E é neste sentido que vem o primeiro questionamento: “O que a Ciência nos mostra é teoria e tem pouco valor, o que vale mesmo é a prática. Duvido que um paciente oncológico seja capaz de realizar o que estes estudos propõem”.

É essencial entender, para contrapor esta ideia, como uma intervenção clínica é realizada. Os pacientes que participam das pesquisas são iguaizinhos a você. São selecionados da sociedade e padecem das mesmas limitações físicas, emocionais e de tempo que qualquer pessoa com câncer sofre. Eles são muitos (certos estudos contam com mais de mil), não são números fictícios e também não moram dentro do laboratório. Precisam pegar uma ou mais conduções para treinarem, cuidam dos filhos e netos, trabalham, cozinham e cuidam da casa, ficam cansados, tem depressão por causa da doença, sentem dores e apresentam inúmeras limitações físicas. Sim! A amostra de uma pesquisa clínica é composta por gente como a gente! E, além do mais, todas estas dificuldades são relatadas e passam por análises estatísticas para ratificar ou não a viabilidade e segurança desta intervenção em uma população com as mesmas características. 

Aqui também cabe uma explicação sobre outra controversa: a estatística. De maneira simples, no meio científico, para se legitimar uma intervenção é necessário que esta tenha um índice de sucesso maior que 95%. Quando lemos que o p do estudo foi de 0,03, significa que a probabilidade (p) da intervenção dar certo é de 97% (ou 3% de chance de dar errado) e, portanto, será aceita. Se o p for de 0,07 (chance de sucesso de 93%) esta intervenção será rejeitada – não poderá ser prescrita. Portanto, quando utilizamos a rigidez da Ciência na escolha do treinamento, temos a garantia que esta intervenção foi testada em uma população semelhante e que a chance de ela não ser efetiva é menor que 5%. Qual o índice de sucesso de uma experiência profissional pessoal quando extrapolada para uma população com as mesmas características? Ninguém sabe. 

Aliás, esta experiência profissional é ótima para “afinar os instrumentos” e deve ser valorizada. Com ela fica mais fácil identificar as expectativas do paciente e transmitir a confiança necessária para o êxito da intervenção. Facilita também adaptar o treinamento as limitações impostas pelo câncer. Quanto mais experiência o profissional carrega mais fácil será o ajuste do conhecimento científico às singularidades da pessoa com câncer. 

Uma coisa é certa, não dá para acreditar e difundir que não há prática na Ciência. Seguindo esta linha, no meu próximo texto comentarei sobre outra frase que é recorrente: “Os resultados das pesquisas sobre exercício e câncer foram obtidos por uma ínfima parcela da população com câncer que é capaz de treinar. Duvido que a maioria dos pacientes oncológicos seja capaz de realizar o que estes estudos propõem”.

Aconselho, para quem quer entender melhor os conceitos discutidos aqui, a leitura do livro “Ciência Picareta” de Bem Goldacre (Ed. Civilização Brasileira).

Até a próxima…
Prof. Rodrigo de Araujo Ferraz
Professor de Educação Física da Clínica Move

Suplementos de proteína em pó – Eles são efetivos e úteis, será que são de qualidade?

Suplementação de proteínas em pó tais como proteína do soro do leite ou proteínas vegetais desempenham um importante papel no ganho de massa magra e na adequação proteica de dietas vegetarianas, ou de atletas e idosos, por exemplo. Há bastante evidência científica sobre o tema, já. Mas apesar de eficazes, será que os suplementos de proteínas na forma de pó têm boa qualidade do ponto de vista toxicológico?

Para responder a essa pergunta, uma organização  americana sem fins lucrativos chamada “The Clean Label Project”,  que funciona de forma relativamente similar à nossa “Fundação Pró-Teste” fez uma pesquisa. Essa entidade compra marcas regulares de produtos no mercado e envia para testes em laboratórios externos idôneos, a fim de avaliar a qualidade nutricional x presença de vários tipos de contaminantes. Entre eles, metais pesados, como chumbo, cádmio, outras substâncias maléficas como arsênio, mercúrio, BPA e pesticidas.

Assim, foram testados cerca de 130 produtos americanos de proteína em pó tanto de origem animal quanto de origem estritamente vegetal (proteínas veganas), orgânicas ou não. Segundo a organização, 70% dos suplementos proteicos em pó testados apresentaram positividade para chumbo; dentre eles, os suplementos proteicos em pó com maior teor de metais pesados foram justamente as proteínas orgânicas, comparadas à proteína não orgânica.

Além disso, 55% das proteínas em pó testadas apresentaram teores de BPA maiores que o desejável, sendo que proteínas orgânicas apresentaram um teor de BPA 40% maior que seus pares não-orgânicos. O BPA é conhecido por estar presente em embalagens plásticas e causar tumores, defeitos congênitos e outros transtornos de desenvolvimento. Na avaliação geral dos testes, enquanto os pós proteicos a base de ovo apresentaram-se mais “limpos”,  seus pares derivados de plantas (plant-based) apresentaram uma qualidade proteica inferior e com o dobro de metais pesados.  Ainda comparando orgânicos com não orgânicos, chamou a  atenção o teor de chumbo e cádmio superior nos primeiros, comparados aos não orgânicos. Curiosamente, mas marcas mais comprometidas com esses resultados são exatamente três marcas americanas bem conhecidas por aqui, tais como a Garden of Life, Nature´s Best e Quest (passe o dedo para ver o ranking nas fotos).

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Por fim, proteínas enriquecidas com cacau comparadas aos seus similares aromatizados com baunilha também apresentaram maior teor de metais pesados e a provável hipótese é a mesma descrita acima, o cacau teria a capacidade de absorver mais metais pesados do ambiente. Dessa forma, apesar da popularidade desses suplementos e dos seus benefícios já demonstrados pela Ciência, deve-se ter parcimônia e cuidado no seu consumo.

A interpretação dos resultados nos leva a pensar que plantas, como se sabe, tem maior capacidade de absorver os metais e outras substâncias químicas diretamente do meio ambiente, ao passo que ao consumirmos proteínas de origem anima, de alguma forma, esses elementos já devem ter sido depurados parcialmente, pelo menos. Aqui a ideia não é discutir dieta onívora ou vegetariana ou se o orgânico é melhor que o não orgânico, mas reforçar a ideia de que, na Nutrição, não existe alimento totalmente bom ou totalmente ruim, todos tem vantagens e desvantagens. Tudo depende do objetivo e do caso e um bom profissional de Nutrição deve saber pesar bem o custo-benefício de um alimento ou suplemento.

Patrícia L. Campos-Ferraz
Nutricionista da Clínica MOVE

Meu filho está crescendo adequadamente?

O crescimento do ser humano acontece em velocidades e ritmos diferentes durante as fases da vida, e para cada idade há uma faixa de normalidade e não uma altura ideal. Geralmente, os filhos atingem alturas semelhantes ao de seus pais, por isso cada criança tem um potencial de crescimento particular que deve ser reconhecido e respeitado.

O potencial genético de crescimento da criança é avaliado através do cálculo da estatura alvo, a partir da estatura dos pais. A estatura final pode variar 8cm pra mais ou para menos dessa altura alvo, denominado canal familiar.
Durante a vida uterina, a velocidade de crescimento varia de acordo com a idade gestacional. Doenças genéticas ou alterações ambientais e placentárias podem determinar restrições no crescimento intrauterino, levando ao nascimento de crianças pequenas para a idade gestacional; isso pode influenciar no crescimento pós-natal e na estatura final.

A partir do nascimento, o hormônio do crescimento, chamado GH (Grownth Hormone), passa a ter papel primordial no crescimento da criança. Nos primeiros 3 anos de vida elas tendem a apresentar crescimento variável com intuito de alcançar o percentil de crescimento do seu canal familiar, por isso é importante avaliar em qual percentil de crescimento a criança se encontra ao fim do 3o ano e se está compatível com o seu canal familiar.

No primeiro ano de vida as crianças crescem em média 25cm; no segundo, 12cm; no terceiro 8cm e após o 3o ano, ocorre uma redução gradual da velocidade de crescimento até atingir um patamar de 4 a 6cm ao ano. Quando a criança está prestes a entrar no estirão da puberdade pode haver uma desaceleração ainda maior do crescimento, causando apreensão dos pais. Na puberdade, a criança passa por um período de 2 anos de crescimento acelerado (8 a 12cm ao ano), chamado de estirão puberal. A idade óssea é o grande preditor de crescimento e deve ser avaliada sempre que houver dúvidas quanto ao crescimento e desenvolvimento. Após o estirão puberal a criança passa a crescer muito lentamente até atingir sua estatura final, que ocorre com a idade óssea de 16 anos nas meninas e de 18 anos nos meninos.

De um modo geral, deve-se investigar déficit de crescimento em casos de:

  • Crianças com estatura muito abaixo do esperado para idade e sexo (abaixo do percentil 2,5)
  • Crianças que apresentam queda no percentil da altura após os 3 anos de idade ou velocidade de crescimento muito abaixo do esperado para idade e sexo
  • Crianças com altura incompatível com o canal familiar.

Na maioria das vezes a baixa estatura ocorre devido seu canal familiar (pais baixos) ou por ter um crescimento mais lento (nesses casos a idade óssea também está atrasada e compatível com a estatura). Nessas situações, geralmente apenas se acompanha o crescimento, pois essas crianças atingirão sua estatura alvo. A garantia de uma alimentação variada e balanceada, sono em duração e horários adequados (mínimo 8 horas por noite), atividade física regular e exposição solar para produção de vitamina D são essenciais para o crescimento adequado das crianças.

Todas as crianças devem ser acompanhadas periodicamente quanto à sua curva de crescimento pelo pediatra. Os pais devem ficar atentos a sinais de alterações comportamentais, aparecimento precoce de caracteres sexuais ( Diversas doenças metabólicas e hormonais podem afetar o crescimento infantil como hipotireoidismo, obesidade, erros alimentares, puberdade precoce, síndromes genéticas, doenças crônicas e uso de medicações. O diagnóstico precoce possibilita um melhor resultado, e quando a investigação mostra que a baixa estatura resulta de alguma doença, ela deve ser tratada.

O tratamento consiste na correção das doenças de bases e na reposição do GH em casos selecionados. É sempre importante a avaliação do pediatra e de um endocrinologista na investigação e tratamento dessas crianças e adolescentes!

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

O cálcio e o risco cardiovascular

Com o envelhecimento da população hoje em dia, está cada vez mais frequente observarmos pacientes com osteopenia ou osteoporose, ou seja, que apresentam um enfraquecimento dos ossos tornando-os mais porosos e mais propensos a fraturas. Sabemos que para a manutenção do osso, os níveis de cálcio e de vitamina D devem estar adequados, fornecendo assim a matéria prima necessária para a formação óssea.
Muito se fala sobre os benefícios da vitamina D, com grande debate sobre qual seria o seu nível ideal no sangue. Mas, e sobre o cálcio? Ele é mesmo o vilão das dietas e aumenta o risco de morte?

Bom, não é bem assim…

O cálcio possui diversas funções no organismo sendo fundamental:

  1. para contração e vasodilação vascular
  2. função muscular
  3. transmissões nervosas
  4. liberações hormonais

No entanto, 1% dele é necessário nessas funções metabólicas. Os outros 99% estão presentes em ossos, e dentes e são responsáveis diretamente pela sustentação dessas estruturas. O osso está constantemente sendo reabsorvido e formado, e para que isso ocorra, é necessário que se tenha disponível a sua principal matéria prima: o Cálcio.

Muitos estudos avaliaram a relação do aumento do risco cardiovascular e o consumo de cálcio, seja ele por ingestão pelos alimentos, seja por suplementação, e a grande maioria não foi capaz de comprová-la. Então, por que o alarde na imprensa sobre o risco da suplementação e consumo de Cálcio?
Isso ocorreu pela publicação de um estudo Sueco que relacionou a ingestão do cálcio com maior risco de morte, porém somente naqueles em que o consumo foi superior a 1400mg/dia e naqueles em que foi inferior a 600mg/dia. Isso demonstra que, em doses adequadas (1000 a 1200mg/dia), o cálcio não levaria a um aumento do risco cardiovascular, sendo aventada a hipótese de que ele na verdade reduziria o risco por diminuir a absorção intestinal de gorduras, aumentar a excreção lipídica e reduzir os níveis de colesterol no sangue.

O consumo de cálcio, portanto, é extremamente importante para muitas funções do organismo e, principalmente, para evitar que haja um aumento da fragilidade óssea e maior risco de fraturas. Essa ingestão deve ser preferencialmente proveniente da dieta, através do consumo de leite e seus derivados, o brócolis, e cereais fortificados. É fundamental, porém, seguirmos a recomendação de consumo de cerca de 1000mg a 1200mg de cálcio ao dia e, caso não possa ser advinda somente da dieta nos casos de intolerâncias, alergias ou hábitos de vida, a suplementação deve ser feita sim, trazendo muito mais benefícios do que malefícios à saúde.

O médico Reumatologista é o especialista indicado para orienta-lo sobre a osteopenia e a osteoporose, incluindo seus riscos e tratamentos.

Dra. Gabriela Daffre
Médica Reumatologista da Clínica Move

Por que o excesso de ansiedade prejudica nosso desempenho?

Frequentemente nos deparamos com situações que desencadeiam ansiedade, seja no trabalho, na nossa vida familiar ou social, e até mesmo quando praticamos uma atividade física. A ansiedade é o nome dado à experiência emocional que temos ao encontrar eventos que podem nos levar a sentir algum tipo de dor. Na verdade, a ansiedade é vivenciada quando não sabemos ao certo o que está por vir.  

 A maioria dos atletas e praticantes de atividade física experimentam no seu dia-a-dia algum tipo de ansiedade. Ela pode vir antes e durante um treino ou então pode estar relacionada a uma prova ou competição. Isso acontece porque, mesmo que essas pessoas estejam treinando e seguindo à risca as orientações recebidas, ainda assim, não podem prever exatamente como será seu desempenho. Portanto, sentir-se ansioso faz parte da rotina.

Observamos que, no contexto esportivo, frequentemente, atribui-se um mau desempenho ao excesso de ansiedade.

Algumas vezes essa afirmação é correta. Entretanto, nem sempre que um atleta apresenta um mau desempenho, podemos afirmar que a culpa é da ansiedade.

Por que o excesso de ansiedade e tensão interferem no desempenho esportivo? Existem basicamente quatro razões que examinaremos a seguir.

O excesso de ansiedade interfere na qualidade da atenção e concentração do atleta. Quando um atleta está muito ansioso, sua atenção fica estreita durante um longo período de tempo: ou ele fica focado unicamente no estímulo externo que apresenta perigo ou então no pensamento que detona essa ansiedade, e assim deixa de perceber outros estímulos importantes à sua volta. Muitas vezes o pensamento do atleta antes e durante uma competição é o grande responsável por esse excesso de ansiedade. Por exemplo, um maratonista que fica repetindo para si mesmo que não vai aguentar chegar ao final da prova, experimenta excesso de ansiedade e tensão. Sabemos também que um atleta com a atenção prejudicada também será mais suscetível a lesões.

O excesso de ansiedade também consome energia e esse consumo extra pode ser problemático em provas de resistência. Ou seja, uma maratonista, um triatleta ou um nadador podem ter seu rendimento prejudicado por esse consumo extra de energia.

Outro efeito é o aumento de adrenalina, que faz com que o atleta se precipite em seus movimentos durante uma rotina que domina bem e acabe perdendo o ritmo.

O efeito final é que essa ansiedade experimentada é um estímulo novo, ao qual o atleta não está acostumado e que provavelmente interferirá no seu rendimento. Isso explica por que muitos atletas treinam bem e não conseguem repetir essa “performance” nas competições. 

O primeiro passo para aprender a controlar a ansiedade é entendê-la e ser capaz de identificar quando e como ela se manifesta.

No próximo artigo examinaremos algumas dicas que podem auxiliar nesse controle.

 

Dra. Sâmia Hallage
Psicóloga Clínica e Esportiva
Clínica MOVE e Comitê Olímpico Brasileiro