Riscos associados ao uso de anabolizantes

Os riscos associados ao uso de anabolizantes (esteroides anabolizantes androgênicos, AAS) são múltiplos e afetam diversos sistemas orgânicos. Os efeitos adversos mais relevantes incluem:

Cardiovasculares: aumento da pressão arterial, dislipidemia (elevação de LDL e redução de HDL), remodelamento cardíaco, miocardiopatia, arritmias, aterosclerose acelerada, infarto agudo do miocárdio e morte súbita. Alterações estruturais e funcionais podem persistir após a suspensão do uso.[1][2][3] O American College of Sports Medicine destaca que o uso prolongado pode aumentar o risco de eventos cardíacos graves.[4]

Hepáticos: elevação de transaminases, hepatotoxicidade, colestase, peliose hepática, adenomas e carcinomas hepáticos, especialmente com AAS 17-alfa-alquilados de uso oral.[4][1][5]

Endócrinos e reprodutivos: supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, levando à infertilidade, atrofia testicular, disfunção erétil, ginecomastia em homens e virilização em mulheres (hirsutismo, voz grossa, hipertrofia clitoriana, irregularidades menstruais).[4][6][5]

Psiquiátricos: dependência, alterações de humor (depressão, mania, agressividade, ansiedade), sintomas psicóticos e risco aumentado de suicídio após retirada.[7][4][8][9]

Renais e metabólicos: proteinúria, dano estrutural renal, síndrome metabólica (hipertensão, hipertrigliceridemia, resistência à insulina).[2]

Outros: acne severa, calvície, aumento do risco de infecções por uso de agulhas não esterilizadas (HIV, hepatite B/C), tromboembolismo, alterações cognitivas e comportamentais.[10][4][9]

A gravidade dos efeitos depende da dose, duração e padrão de uso (ex.: “stacking” de múltiplos AAS). Muitos efeitos são potencialmente irreversíveis, especialmente em mulheres e adolescentes.[4] O manejo das complicações é específico para cada órgão afetado e pode exigir abordagem multidisciplinar.

References

  1. Adverse Effects of Anabolic Androgenic Steroid Abuse in Athletes and Physically Active Individuals: A Systematic Review and Meta-Analysis. Mingxing L, Yanfei Y. Substance Use & Misuse. 2025;60(6):873-887. doi:10.1080/10826084.2025.2460986.

  2. Anabolic-Androgen Steroids: A Possible Independent Risk Factor to Cardiovascular, Kidney and Metabolic Syndrome. de Melo Junior AF, Escouto L, Pimpão AB, et al. Toxicology and Applied Pharmacology. 2025;495:117238. doi:10.1016/j.taap.2025.117238.

  3. Anabolic-Androgenic Steroids Among Recreational Athletes and Cardiovascular Risk. Meagher S, Irwig MS, Rao P. Current Opinion in Cardiology. 2025;40(4):221-229. doi:10.1097/HCO.0000000000001235.

  4. Anabolic-Androgenic Steroid Use in Sports, Health, and Society. Bhasin S, Hatfield DL, Hoffman JR, et al. Medicine and Science in Sports and Exercise. 2021;53(8):1778-1794. doi:10.1249/MSS.0000000000002670.

  5. Evaluation of Structural Features of Anabolic-Androgenic Steroids: Entanglement for Organ-Specific Toxicity. Sinha A, Deb VK, Datta A, et al. Steroids. 2024;212:109518. doi:10.1016/j.steroids.2024.109518.

  6. Diagnosis and Management of Anabolic Androgenic Steroid Use. Anawalt BD. The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 2019;104(7):2490-2500. doi:10.1210/jc.2018-01882.

  7. Androgen Abuse: Risks and Adverse Effects in Men. Grant B, Hyams E, Davies R, Minhas S, Jayasena CN. Annals of the New York Academy of Sciences. 2024;1538(1):56-70. doi:10.1111/nyas.15187.

  8. The Health Threat Posed by the Hidden Epidemic of Anabolic Steroid Use and Body Image Disorders Among Young Men. Goldman AL, Pope HG, Bhasin S. The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 2019;104(4):1069-1074. doi:10.1210/jc.2018-01706.

  9. Doping With Anabolic Androgenic Steroids (AAS): Adverse Effects on Non-Reproductive Organs and Functions. Nieschlag E, Vorona E. Reviews in Endocrine & Metabolic Disorders. 2015;16(3):199-211. doi:10.1007/s11154-015-9320-5.

  10. Anabolic-Androgenic Steroids: How Do They Work and What Are the Risks?. Bond P, Smit DL, de Ronde W. Frontiers in Endocrinology. 2022;13:1059473. doi:10.3389/fendo.2022.1059473.

Dra. Fernanda Lima
CRM: 62.333
@‌fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

Fisioterapia para tratamento de lesões

Muitos pacientes ainda resistem em procurar a fisioterapia para tratar lesões musculoesqueléticas.

Esse preconceito acontece por alguns motivos:
– Medo de piorar a dor ao se movimentar (cinesiofobia).
– Crença de que repouso, remédios ou cirurgia resolvem o problema.
– Experiências negativas com fisioterapia passiva.
– Bloqueios emocionais, desmotivação e incredulidade provocados pela dor crônica.

No entanto, atualmente a evidência é clara:
A fisioterapia baseada em exercícios terapêuticos é primeira linha para dor e lesões musculoesqueléticas. Ela reduz as dores, melhora função e acelera o retorno às atividades. Iniciar o tratamento cedo melhora os resultados e evita intervenções invasivas.

Para aumentar a adesão e eficácia do tratamento, é essencial que o fisioterapeuta:
– Tenha o diagnóstico do quadro bem definido
Explique o protocolo e a lógica do tratamento.
– Defina metas claras para cada fase da fisioterapia
– Alinhe, com o paciente, expectativas sobre tempo de recuperação e desconfortos previstos.

Dra. Fernanda Lima
CRM: 62.333
@‌fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

O que é Hipercifose Dorsal?

É um aumento da curvatura fisiológica da coluna.

Muitas vezes o motivo da alteração é desconhecido, mas deve-se levar em conta fatores genéticos, osteoporese, lesões na cartilagem de crescimento durante a adolescência e alterações posturais e até mesmo o uso de celular por tempo prolongado.

Essa curvatura pode piorar com o passar dos anos e causar de dores nas costas, levar a deformidade permanente na coluna, e dificuldade de manter o corpo ereto. Além disso, a cifose pode comprometer a respiração por diminuir a expansão pulmonar e a flexibilidade da coluna.
É necessário realizar um exame de imagem para verificar o grau da curvatura da coluna, e iniciar o mais precocemente possível o tratamento clínico que inclui fisioterapia com diversas técnicas e exercício físico orientado individualmente para cada paciente.

Para saber se está com hipercifose veja uma foto sua na lateral e observe se a sua orelha está alinhada com o seu ombro.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
CRM: 57.296
@‌analuciadesapinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

Por que o excesso de ansiedade prejudica nosso desempenho?

Frequentemente nos deparamos com situações que desencadeiam ansiedade, seja no trabalho, na nossa vida familiar ou social, e até mesmo quando praticamos uma atividade física. A ansiedade é o nome dado à experiência emocional que temos ao encontrar eventos que podem nos levar a sentir algum tipo de dor. Na verdade, a ansiedade é vivenciada quando não sabemos ao certo o que está por vir.  

 A maioria dos atletas e praticantes de atividade física experimentam no seu dia-a-dia algum tipo de ansiedade. Ela pode vir antes e durante um treino ou então pode estar relacionada a uma prova ou competição. Isso acontece porque, mesmo que essas pessoas estejam treinando e seguindo à risca as orientações recebidas, ainda assim, não podem prever exatamente como será seu desempenho. Portanto, sentir-se ansioso faz parte da rotina.

Observamos que, no contexto esportivo, frequentemente, atribui-se um mau desempenho ao excesso de ansiedade.

Algumas vezes essa afirmação é correta. Entretanto, nem sempre que um atleta apresenta um mau desempenho, podemos afirmar que a culpa é da ansiedade.

Por que o excesso de ansiedade e tensão interferem no desempenho esportivo? Existem basicamente quatro razões que examinaremos a seguir.

O excesso de ansiedade interfere na qualidade da atenção e concentração do atleta. Quando um atleta está muito ansioso, sua atenção fica estreita durante um longo período de tempo: ou ele fica focado unicamente no estímulo externo que apresenta perigo ou então no pensamento que detona essa ansiedade, e assim deixa de perceber outros estímulos importantes à sua volta. Muitas vezes o pensamento do atleta antes e durante uma competição é o grande responsável por esse excesso de ansiedade. Por exemplo, um maratonista que fica repetindo para si mesmo que não vai aguentar chegar ao final da prova, experimenta excesso de ansiedade e tensão. Sabemos também que um atleta com a atenção prejudicada também será mais suscetível a lesões.

O excesso de ansiedade também consome energia e esse consumo extra pode ser problemático em provas de resistência. Ou seja, uma maratonista, um triatleta ou um nadador podem ter seu rendimento prejudicado por esse consumo extra de energia.

Outro efeito é o aumento de adrenalina, que faz com que o atleta se precipite em seus movimentos durante uma rotina que domina bem e acabe perdendo o ritmo.

O efeito final é que essa ansiedade experimentada é um estímulo novo, ao qual o atleta não está acostumado e que provavelmente interferirá no seu rendimento. Isso explica por que muitos atletas treinam bem e não conseguem repetir essa “performance” nas competições. 

O primeiro passo para aprender a controlar a ansiedade é entendê-la e ser capaz de identificar quando e como ela se manifesta.

No próximo artigo examinaremos algumas dicas que podem auxiliar nesse controle.

 

Dra. Sâmia Hallage
Psicóloga Clínica e Esportiva
Clínica MOVE e Comitê Olímpico Brasileiro