Consequências da pandemia para adolescentes com doenças crônicas

Um trabalho do Hospital das Clínicas estudou os hábitos alimentares e o comportamento sedentário em adolescentes portadores de doenças crônicas durante a pandemia de covid-19.
Foram avaliados mais de 347 adolescentes com diversas doenças crônicas que são acompanhados no complexo Hospitalar. Os adolescentes responderam a vários questionários específicos. Os primeiros dados que saíram referiram-se ao tempo sedentário. Abaixo alguns pontos que chamaram a atenção dos pesquisadores:
• Muitos adolescentes reportaram que faziam as suas refeições em frente à TV;
• 87% deles reportaram mais tempo de tela (TV, celulares ou tabletes);
• Mais de 55% relataram passar mais de 6 horas nessas atividades sedentárias.

Os pesquisadores alertaram que: “como esse grupo de pacientes requer distanciamento social mais restrito, é necessário que recebam orientação profissional sobre um estilo de vida saudável durante a pandemia, para que não sofram com uma piora da saúde geral”.

Esse grupo de pacientes com doenças crônicas, muitas vezes, apresenta um maior risco cardiovascular e de ganho de peso. Sendo assim, é muito importante a orientação para esses pacientes com relação ao aumento da atividade física dentro de casa ou quando possível ao ar livre, e a quebra de tempo sedentário.

A quebra de tempo sedentário significa: não fique sentado mais de 1 hora seguida, levante, fique de pé ou ande por alguns minutos!

Entre em contato com o seu médico para uma melhor orientação de como iniciar, ou mesmo, manter os exercícios físicos durante a pandemia.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

 

É importante fazer exercício físico depois da cirurgia bariátrica?

Já sabemos que o número de pessoas com obesidade vem aumentando nos últimos anos. O tecido adiposo produz células que induzem a inflamação, e com isso aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, esses pacientes apresentam uma dificuldade em colocar o açúcar dentro das células, levando ao diabetes.

Hoje em dia, a cirurgia bariátrica é considerada um importante tratamento para os pacientes que não conseguem uma perda significativa do peso corporal com o tratamento medicamentoso e mudança no estilo de vida.
Após 12 meses da cirurgia bariátrica, os pacientes podem ter seu peso corporal reduzido em até 40%. No entanto, a perda de peso não é apenas de tecido adiposo, ocorre também uma importante redução tanto da massa muscular, como da massa óssea. Depois de alguns anos é comum o reganho de peso, fazer com os pacientes não voltem a ganhar peso é um grande desafio para os profissionais da área da saúde. A perda de massa muscular talvez possa contribuir para o ganho de peso desses pacientes, uma vez que o músculo é responsável por uma parcela significativa de gasto energético em repouso.

Em vista disso, a nossa equipe de pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, estudou o efeito dos exercícios físicos em grupo de mulheres após três meses da cirurgia bariátrica. Um grupo não realizou exercícios físicos, e o outro grupo participou de um programa de exercícios de força muscular e aeróbios, três vezes por semana por seis meses.

Após três meses da cirurgia, todas as pacientes apresentaram grandes melhoras em fatores de risco como a função dos vasos, inflamação e resistência à insulina. Entretanto, após o período do programa de treinamento, o grupo que não realizou exercícios apresentou importante redução desses benefícios, mesmo mantendo a perda de peso. Algumas pacientes chegaram a apresentar valores de exames similares aos do período anterior à cirurgia, por outro lado, as pacientes que estavam fazendo exercícios físicos mantiveram os exames nos valores normais.
Dessa forma, esse estudo mostrou a importância do exercício físico – uma ferramenta não farmacológica – depois da cirurgia bariátrica, para prevenir a perda dos benefícios que se têm com a cirurgia.

Infelizmente alguns adolescentes -pelo elevado peso corporal- precisam ser submetidos à cirurgia bariátrica. Após os excelentes resultados conseguidos com a prescrição de exercícios físicos depois da cirurgia bariátrica em adultos, nós começaremos a estudar o efeito do exercício físico em adolescentes após a cirurgia bariátrica, e estamos certos de que teremos muito sucesso nos resultados.

Procure o seu médico para saber o momento exato para iniciar os exercícios físicos após a cirurgia bariátrica.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Exercício e Esporte da Clínica Move

O que são Disruptores Endócrinos?

Os disruptores endócrinos (DEs) são substâncias químicas exógenas ou mistura de substâncias químicas, que interferem com qualquer aspecto da ação hormonal.
Pessoas e animais entram em contato com os DEs de várias formas:
• consumo de alimentos e água, através da pele;
• por inalação e pela transferência da mãe para o feto (através da placenta) ou da mãe para o bebê (através da lactação).

A exposição pode ocorrer em casa, no escritório, no campo, no ar que respiramos, nos alimentos que comemos e na água que bebemos.
Das centenas de milhares de substâncias químicas fabricadas, estima-se que cerca de 1000 podem ter propriedades de ação endócrina. Alguns exemplos comuns de DEs incluem:
• DDT e outros pesticidas;
• bisfenol A (BPA) e ftalatos, utilizados em produtos infantis, produtos de higiene pessoal e em recipientes para alimentos.

Além dos DEs conhecidos, suspeita-se da existência de inúmeros DEs ou de substâncias químicas que nunca foram testadas. O mais famoso dos DEs é o bisfenol A, presente em diversos plásticos e embalagens. Em 2011, a ANVISA proibiu a presença desta substância nas mamadeiras, pelo risco que representa para as crianças, mas ela continua presente em latas de refrigerantes e outras embalagens.

Evidências científicas apontam que a exposição aos DEs leva a desequilíbrios hormonais e está relacionada a diversas doenças endócrinas e não-endócrinas em crianças e adultos:
Reprodutivas/endócrinas: puberdade precoce, criptorquidia, hipospádia, câncer de mama, câncer de próstata, endometriose, infertilidade, diabetes, obesidade e distúrbios tireoidianos;
Imunes/autoimunes: suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes;
Cardiopulmonares: asma, doenças cardíacas, hipertensão, infarto;
Cerebrais/nervosas: mal de Parkinson, mal de Alzheimer, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dificuldades de aprendizado.

Ainda não se sabe qual a quantidade necessária de disruptores endócrinos para causar danos à saúde humana. Entretanto, estudos apontam que quantidades ínfimas já teriam a capacidade de causar danos. Os primeiros anos de vida, especialmente vida fetal e infância, são um período de muita vulnerabilidade, sendo consideradas as principais janelas temporais de suscetibilidade à influência dos DEs. Desse forma, é de fundamental importância tentar preservar gestantes, crianças e adolescentes da exposição exagerada a essas substâncias.

É praticamente impossível prevenir 100% da exposição, dada a onipresença dessas substâncias no nosso ecossistema, mas medidas práticas constituem:
• Consumir alimentos orgânicos sempre que possível;
• Preferir alimentos da época, que costumam ter menor exposição a agrotóxicos.
• Lavar bem e descascar frutas e vegetais;
• Retirar a gordura visível da carne e a pele do frango antes do preparo (pesticidas podem se acumular nessas estruturas);
• Substituir tábuas e recipientes de plásticos utilizados no preparo e armazenamento de alimentos por tábuas, recipientes e potes de vidro temperado;
• Evitar o uso de pesticidas no ambiente doméstico, escolar e em creches;
• Não aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas. O calor potencializa a transferência de substâncias químicas para os alimentos;
• Evitar a exposição de crianças pequenas a brinquedos e mordedores de plástico.

Dra. Mirela Miranda
Endocrinologista da Clínica Move

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