Perda de Condicionamento Físcio Após Infecção Por Covid

Está com a sensação de ter perdido o seu condicionamento físico abruptamente após uma gripe por COVID? Então, nesse caso é importante diferenciar esse status de fadiga pós-esforço de um COVID longo ou de uma recuperação mais arrastada de uma infecção por COVID.

Um estudo realizado em 2021 (doi: 10.1016/j.eclinm.2021.101019) com pacientes que tiveram COVID, mostrou que 89% dos participantes que evoluiu com COVID longa apresentou um quadro chamado de Post-Exertional malaise (PEM), que é um mal-estar e fadiga pós-esforço, que acontece após realizar exercícios físicos e/ou mentais leves. O PEM pode ocorrer de 12 a 48 horas após a atividade e pode levar até 2 semanas para as pessoas se recuperarem completamente.

Os mecanismos possíveis desta fadiga e intolerância ao exercício no COVID longo são: (1) desautonomia (uma desregulação do sistema nervoso autônomo) e (2) “sequestro” viral das mitocôndrias das células, o que leva um importante déficit de produção de energia.

No entanto, o primeiro passo para o tratamento é diferenciar entre um quadro de COVID Longo e uma recuperação mais demorada de uma infecção por COVID-19.

Muitos dos pacientes deste último grupo ainda apresentam sintomas 4 semanas após a primeira infecção. Eles ainda se sentem cansados para atividades do dia a dia e para retomar o condicionamento físico que tinham antes; apresentam a memória e atenção deficientes; queda de cabelo e ainda dificuldade para dormir.

O conselho de condicionamento físico é simples para esse grupo de pessoas: vá com calma no início e aumente gradualmente a quantidade e a intensidade do exercício aeróbico e do treinamento de força. Ter paciência pois a recuperação é mais lenta, mas ela virá.

Agora, para o primeiro grupo, o de COVID longa, o processo tem que ser ainda lento. Esses pacientes ainda estão muito sintomáticos após 3 a 4 meses da infecção viral. A fadiga é importante, o paciente sente palpitação com esforços mínimos e as queixas cognitivas são muito marcantes (doi: 10.1097/PHM.0000000000001910)
Idealmente, esse grupo de pacientes deve ter um plano de condicionamento supervisionado por um profissional treinado em reabilitação cardíaca, pulmonar e/ou autonômica – um tipo especializado de terapia destinada a ressincronizar o sistema nervoso autônomo que governa a respiração e outras funções involuntárias. A progressão deve ser muito lenta e o volume de treino aplicado por sessão muito menor. Novas frentes de estudo estão sendo realizadas e em breve teremos novos protocolos para ajudar esses pacientes.

Dra. Fernanda Lima
CRM: 62.333
@fefarlima
Reumatologista e Médica do Esporte da Clínica Move

Saúde mental em momento pandêmico: o que já sabemos?

A pandemia de COVID-19 impôs mudanças e restrições que atinge o modo de estar-no-mundo das pessoas. Impacto este que acarreta no aumento da prevalência de distúrbios mentais.

Os principais notificadores de risco à saúde mental associados ao momento de pandemia de COVID-19 são os dos espectros sintomatológicos vinculados aos quadros de:
• Depressão
• Ansiedade
• Pânico
• Estresses Pós-traumático

Esses quatro quadros sintomatológicos podem ser expressos por alterações na rotina de sono, com mudança dos hábitos alimentares, passando pela incapacidade de realização de tarefa até à impossibilidade de um indivíduo manter uma rotina.

Em casos mais agravados, atinge a capacidade da pessoa acometida enfrentar adversidades chegando até a constante sensação de estar com a sua vida em risco e/ou sensação de morte.

Adolescentes têm piora na saúde mental durante a pandemia

Um estudo recente divulgado pela revista The Lancet aponta que o impacto da pandemia de COVID-19 é muito significativo para a saúde mental de adolescentes, mesmo aqueles que não foram contaminados.
Conforme relatado pelos pesquisadores islandeses, pode-se chamar essa faixa etária de “geração perdida”. Sem oportunidades de desenvolvimento central, os dados coletados na pesquisa mostram que sintomas depressivos aumentaram e o bem-estar mental decaiu entre os jovens.

O pesquisador Ingibjorg Thorisdottir e seus colegas estão entre os primeiros a abordar essa quaestão com dados empíricos sobre uma população adolescente. Eles compararam trajetórias de sintomas antes da pandemia (em 2016 e 2018) com sintomas depressivos durante a pandemia.

Cerca de 60 mil jovens entre 13 e 18 anos participaram do estudo, gerando dados únicos e muito necessários. A piora na saúde mental, em geral, foi mais notável entre as meninas de 13 a 18 anos.

Apesar do quadro negativo, houve uma redução no consumo de cigarros e vaporizadores e também nos casos de intoxicação por abuso de álcool entre jovens de 15 a 18 anos, durante a pandemia.

Saúde mental é foco de recomendação da OCDE

No último dia 8 de junho de 2021, mais de um ano após o início ‘oficial’ da pandemia de COVID-19, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou relatório em que recomenda “investimentos e qualidade do atendimento em saúde mental devem ser aumentados com urgência”.
Os prejuízos de ordem social e econômica associados aos transtornos mentais causados ou piorados pela pandemia são alvo do relatório.

Antes da pandemia, a estimativa é que uma em cada duas pessoas já havia sofrido de transtornos mentais e que uma em cada cinco estava afetada de forma permanente.
Das pessoas que desejam receber cuidados de saúde mental, 67% relataram ter dificuldades para obtê-los, conforme consta no documento da OCDE.

Impactos na memória e cognição

Um estudo feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, revelou que a memória e a cognição são frequentemente afetadas nos pacientes pós- COVID-19:

83,3% dos pacientes desenvolveram dificuldades cognitivas;
62,7% tiveram a memória a curto prazo afetada;
26,8% sofrem de perda de memória de longo prazo.
Quer saber mais sobre os danos causados pela COVID-19? Clique aqui (http://www.move.med.br/2021/06/01/disfuncao-cognitiva-e-da-memoria-pos-covid-19/)

O que é “Long Covid”?

Também conhecida como síndrome de pós-COVID-19 é o conjunto de sintomas que seguem por semanas ou meses depois da infecção viral.

Fadiga, falta de ar, dores no peito, perda de memória e concentração, insônia, tontura, dores articulares, depressão e ansiedade são alguns dos sintomas mais comuns que permanecem com as pessoas contaminadas pelo vírus.
Estudo no Reino Unido contabilizou cerca de 1 milhão de pessoas dizendo que manifestaram sintomas de COVID Longo por cerca de três meses. Dessas pessoas, 376 mil contraíram o vírus ou tiveram suspeita de contrair um ano atrás.

Há grande variação na intensidade dos sintomas que permanecem mais tempo com as pessoas. Para aquelas que apresentam diversas dificuldades após a contaminação, é preciso atenção e cuidado reabilitador.

Na Clínica Move uma equipe multidisciplinar tem se dedicado ao tratamento e reabilitação dos mais diferentes sintomas e sequelas.

Conheça nossa equipe aqui http://www.move.med.br/tratamentos/reabilitacao-pos-covid/
Dra. Marina Cecchini
Psicológa da Clínica Move

Referências
BAO, Y, SUN, Y, MENG, S, SHI, J, LU, L. 2019-nCoV epidemic: Address mental health care to empower society. Lancet. 2020;395(10224):e37-e38. Available from: https:// www.thelancet.com/action/s howPdf?pii=S0140- 6736%2820%2930309-3 Acesso 23/12/20.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Educational Activity. COVID-19 and Men- tal Health: Caring for the Public and Ourselves, 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOLOGIA. Como manter a saúde mental em época de COVID-19. Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/2020/03/como-manter-a-sau- de-mental-em-epoca-de- covid-19>. Acesso em 15/12/2020.
WANG C, PAN R, WAN X, TAN Y, XU L, HO CS, et al. Immediate psychological respon- ses and associated factors during the initial stage of the 2019 coronavirus disease (COVID- 19) epidemic among the general population in China. Int. j. environ. res. public health (On- line).;17(5):1729. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/a rticles/ PMC7084952/pdf/ijerph-17- 01729.pdf. Acesso em 23/12/2020.
THORISDOTTIR IE, ASGEIRSDOTTIR BB, KRISTJANSSON AL, ET AL. Depressive symptoms, mental wellbeing, and substance use among adolescents before and during the COVID-19 pandemic in Iceland: a longitudinal, population-based study. Lancet Psychiatry. 2021; (published online June 3.)

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